ISSN 2359-5191

20/06/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 41 - Meio Ambiente - Faculdade de Saúde Pública
Individualismo e insegurança impedem implantação de Carona Solidária

Projetos que têm como objetivo minimizar o trânsito e a poluição do ar através do uso compartilhado de automóveis já são postos em prática em diversos países. No Brasil, já temos medidas com o mesmo intuito, como o rodízio de veículos, além do próprio projeto da Carona Solidária. Porém, parece não haver uma aderência à medida no país, que não é praticada. Por essa razão, Sandra Costa de Oliveira buscou, em sua dissertação de mestrado, Educação ambiental para promoção da saúde com trânsito solidário os motivos que levam a essa falta de adesão.

Para isso, a pesquisadora aplicou um questinário a funcionários de uma instituição hospitalar e realizou entrevistas com profissionais da área de meio ambiente e saúde. Através dessas respostas, ela levantou as opiniões sobre as relações entre o uso de carros e a poluição, analisando também como essas percepções influenciam na participação em um programa de Carona Solidária.

Sandra acreditava que o principal empecilho para a adesão seria a segurança. “Antes de aplicar os questionários, achava que pelo menos 70% responderia que não pratica a Carona Solidária por medo, por não se sentir seguro", afirma. As respostas, porém, a surpreenderam. Muitos outros motivos surgiram como entraves, a grande maioria indicativa de individualismo. Dentro disso, os participantes alegavam não participar ativamente do projeto por falta de compatibilidade de horários, medo de que os outros não cumprissem com o compromisso da carona e até mesmo ciúmes. Para Sandra, apenas desculpas.

Segundo a pesquisadora, para que o projeto funcione efetivamente no Brasil, é necessário que haja incentivos. "A Carona Solidária isolada não resolve nada, mas se atrelada a políticas públicas e incentivos, podemos ter resultados muito bons", afirma Sandra. Um exemplo disso é a motivação para a carona em países como os Estados Unidos e o Canadá, em se destinam faixas exclusivas para o tráfego de carros com pelo menos dois ocupantes, aliviando o trânsito e servindo como um incentivo, mesmo que indireto. Além de instâncias públicas, empresas também se interessam pela implantação do projeto, mas, de acordo com a pesquisadora, também pecam pela falta de estímulo dentro da instituição.


Em países como os Estados Unidos, carros com 2 ou mais passageiros tem faixa exclusiva

Além do impacto direto no trânsito, a prática da carona, quando bem trabalhada, traz muitos benefícios. Entre eles há a diminuição da poluição do ar causada pela quantidade de automóveis, que acaba resultando em uma melhora na saúde da população, já que esse problema ambiental é a causa de muitas doenças respiratórias. Para Sandra, há também melhoras em relação à segurança, a contrário do que os questionários acabaram demonstrando. "Quando se tem 3 ou 4 pessoas em um carro, é mais difícil que você seja abordado por um assaltante", exemplifica a pesquisadora, que completa dizendo que os benefícios mais atraentes provavelmente são os econômicos, com a divisão de gastos com gasolina e pedágio. Sandra diz que a implementação do projeto é também uma questão de hábito. "Mudar de atitude não é fácil, mas a partir do momento em que se começa, as pessoas adequam aquilo para a vida delas".

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