Silmara Rondon Melo, pesquisadora do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional (FOFITO), observou dois métodos para se estudar Anatomia e Fisiologia do Sistema Miofuncional Orofacial (SMFO), uma das disciplinas da graduação. Os métodos comparados foram o método interativo e o método tradicional. O primeiro se mostrou eficaz para a compreensão em curto prazo de questões de Anatomia, já o segundo é eficaz em curto e longo prazo tanto para Anatomia quanto para a Fisiologia do SMFO.
O método interativo consiste no uso de um jogo de computador em formato de quiz, ou seja, com perguntas de múltipla escolha que abordam um certo tema. O jogo era ministrado em um notebook conectado a um projetor e, a cada sessão, um, dos 15 alunos avaliados, operava o programa. Cada tema era questionado duas vezes e as respostas eram repetidas ainda mais uma vez para fixar o conteúdo.
Outros 14 estudantes foram submetidos aos meios tradicionais de ensino. A cada semana o grupo lia um texto que era acompanhado de imagens relacionadas aos temas. Os alunos deveriam estudar como fazem normalmente, sendo ou em grupo ou individualmente, durante a permanência na sala.
Durante o estudo foram feitos três testes de 50 questões de múltipla escolha. O primeiro, o pré-teste, avaliou os conhecimentos prévios de cada aluno antes do ínicio do estudo. O segundo, o pós-teste, logo após a aplicação dos métodos, verificou a retenção de conhecimento em curto prazo e o terceiro, o pós-teste tardio, foi realizado seis meses depois e observou o aprendizado em longo prazo.
Silmara Rondon Melo foi pioneira no assunto, por isso, os questionários aplicados foram desenvolvidos especialmente para o estudo. Foram realizadas diversas comparações entre os resultados tanto entre os diferentes grupos como dentro de cada um deles. Os resultados mostraram que os métodos são equivalentes para adquirir o conhecimento em curto prazo. Porém, o tradicional é mais eficiente a longo prazo.
A razão que nenhum estudo tenha sido publicado na literatura deve-se, em grande parte, ao fato que o uso de jogos computacionais ainda não tem sido muito explorada nas salas de aula do Ensino Superior. Os jogos são iniciativas inovadoras restritos a alguns ambientes. É necessário também novos estudos para avaliar quais são as melhores maneiras de aplicar esse método como forma de ensino complementar.
Segundo Silmara, os métodos interativos precisam ser ampliados, melhor controlados e aprimorados. Ela diz que devem ser pesquisados os efeitos motivacionais dos jogos nos alunos e quais os tipos de jogos são mais eficazes. Nesse momento ela verifica o nível de motivação gerada por eles e deve publicar os resultados em breve. Ela também sugere para o futuro que se investigue os impactos dos jogos computacionais no desenvolvimento do raciocínio e sua influência da prática clínica.Esse estudo foi publicado na BMC Medical Education no início desse ano e pode ser visualizado neste link.