ISSN 2359-5191

28/06/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 47 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
A boa ciência é aquela que está sempre em crise, diz professor

Os futuros da ciência e da pesquisa do conhecimento foram debatidos pelo professor Pedro Demo, da Universidade de Brasília (UnB), em palestra na FEA-USP. O evento, baseado no livro mais recente do professor, Ciência rebelde, tratou da “crise” nos estudos científicos e como, no entanto, ela é sempre bem-vinda no ramo.

Para ele, a ciência encontra-se em transição constante, o que nem sempre é levado em conta no ensino escolar e na vida acadêmica. Nos estudos do gênero nas escolas e universidades é comum que haja o olhar comum da ciência, em que esta é apresentada e repassada sem questionamento e sem nenhum acréscimo em relação às alterações e novidades que as pesquisas recentes possam vir a ter feito.

De acordo com Pedro Demo, “a boa ciência está sempre em crise, porque não para, não se estabelece, não se aquieta”. A ideia do professor é a de que os estudos científicos devem sempre ser questionados, acrescidos de informação e renovados constantemente, para que haja a mudança de teorias e possíveis novas descobertas. Como tal, é preciso que ela seja exposta para que qualquer um possa alterá-la. O professor afirma, como exemplo, que o trato com a ciência precisaria ser realizado como é feito com a Wikipédia, em que todos podem contribuir para a melhoria dos verbetes.

Nas definições do que considera boa ciência, Pedro Demo ressalta que a boa ciência, também, deve possuir o “desconfiômetro”. De acordo com ele, “quem sabe pensar questiona, faz autocrítica e, principalmente argumenta”. Neste sentido, o argumento seria interessante por nunca possuir um final, pois sempre suscita uma discussão diversa. Os resultados, aqui, são postos para diálogo e contribuem para a renovação ideológica.

De acordo com o professor, alguns estudos estimam que a ciência atual tenha conseguido explicar cerca de 5% da ciência, o que invalida a crença, bastante frequente no contexto social, de que a ciência está esgotada e já não tem mais objeto de pesquisa. “Isso ocorre porque, como somos parte do Universo, só podemos vê-lo parcialmente”. Pedro Demo diz, também, que muitos recursos utilizados pela ciência para tornar suas descobertas são também questionáveis.

“A matemática, por exemplo, que sempre foi usada para legitimar as descobertas científicas, já foi provada que não é um sistema formal e fechado.” Dessa forma, o professor ressalta que mesmo nos estamentos matemáticos, verifica-se que o estudo da ciência deve ser discursivo, aberto e disruptivo, pelo fato de o mundo - e o Universo - assim o ser.

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