ISSN 2359-5191

10/07/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 53 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
O Sol está morrendo e varrerá a vida terrestre no processo

Mas isso só em cinco bilhões de anos. Walter Maciel, pesquisador do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG), estuda há vários anos a estrutura e evolução estelar, destacando os mecanismos de perda de massa das estrelas que dão origem ao fenômeno do vento estelar.

Estrelas possuem dois caminhos evolutivos comuns possíveis. O primeiro consiste na perda contínua de massa pelos resíduos liberados das reações nucleares (quatro moléculas de Hidrogênio se fundem em uma de Hélio, liberando dois pósitrons, dois neutrinos e muita energia) até se transformar em uma gigante vermelha. O Sol, quando nesse estágio, será maior que as órbitas de Mercúrio e Vênus, tendo um raio duzentas vezes maior que o atual. O estágio seguinte consiste em uma contração do núcleo que ejeta o material externo, resultando na formação de nuvens de hidrogênio, poeira e plasma (nebulosa), deixando ao centro uma Anã Branca (núcleo pequeno e bastante luminoso, mas sem grandes temperaturas) até perder sua luminosidade e se tornar uma Anã Negra. Estrelas com até dez massas solares têm esse destino.

Ciclo de vida do Sol

O segundo acontece com estrelas massivas (com mais de dez massas solares), a perda de massa no final da vida é um fenômeno mais rápido e dramático, há uma enorme liberação de matéria em uma explosão com a energia acumulada do centro, fenômeno conhecido como supernova. Ainda como resultado, essa supernova pode originar um Buraco Negro ou uma Estrela de Nêutrons, ambos os corpos compactos e supermassivos, com intensos campos gravitacionais.

Vento Estelar é o nome dado para definir esse processo de transferência de matéria, energia e quantidade de movimento das estrelas para o meio interestelar de forma contínua. O vento é um fenômeno comum das estrelas, todas estão sujeitas a perda de massa resultado das reações em seu núcleo. É uma emissão de partículas, uma extensão das camadas mais externas da estrela.

Cometa Hale Bopp

Essas evidências são facilmente estudadas nas próprias emissões do Sol. O vento solar, assim especificado, é visível em imagens de diversas linhas e comprimentos de ondas (Ultra Violeta, raios-X, H-Alpha, entre outras) e como responsável por caudas iônicas de cometas, que são íons empurrados pelas partículas do vento. O vento solar é mais que suficiente para varrer a atmosfera terrestre para o espaço, mas o campo magnético nos protege direcionando o vento para os pólos magnéticos, o que gera o conhecido fenômeno da Aurora Boreal. Contudo, esse processo é muito lento no caso do Sol. A perda de massa pelos ventos resultou em apenas 0,0001 a menos da sua massa original durante seus quatro bilhões de anos de vida.

Estudos detalhados do vento solar só foram possíveis quando satélites artificiais passaram a medir diretamente as propriedades do espaço interplanetário, o que inclui medidas da intensidade do campo magnético interplanetário, da densidade e velocidade do vento solar. Maciel destaca como dois exemplos importantes as sondas Mariner II que, em 1962, detectou e mediu as velocidades do vento solar, e Ulysses, que observou a região dos polos solares em 1994.

 

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