Tendo em vista o conhecido receio dos empresários, especialmente os brasileiros, em realizar investimentos em tecnologia da informação, ou TI, como é chamada, a FEA foi alvo de palestra organizada pelo professor Welington Rocha, de modo a explicitar com maior clareza o papel da gestão de custos e do uso de TI para administrar as operações de uma empresa.
Gilmar Bonzatto, chefe de TI na Oracle, falou sobre o medo dos executivos com relação à tecnologia da informação, abordando especificamente a questão do paradoxo da produtividade. O paradoxo consiste na ausência de crescimento da empresa, mesmo associada aos investimentos em informática e tecnologia. “Os profissionais de TI afirmam que o investimento do executivo vai trazer benefícios para a organização sob a perspectiva da produtividade. No entanto, os profissionais não conseguem demonstrar ou comprovar os benefícios, porque demoram alguns anos até que eles apareçam”, afirma Gilmar.
O professor Rocha exemplificou, no entanto, a importância da gestão de custos e do uso de TI para potencializá-la: “Em 2005, a General Motors [GM] teve uma receita de US$ 193 bilhões, com um lucro de US$ 4 bilhões. No mesmo ano, a Toyota teve uma receita de US$ 172 bilhões, só que com um lucro de US$ 12 bilhões. A pergunta é: o que a Toyota faz melhor que a GM? A gestão de custos. Não há outra explicação”, ressaltou.
Com este gancho, Gilmar utilizou como base um estudo de Harvard, sobre as funções do uso de TI na gestão de custos, para explicar como os investimentos na área podem impactar positiva ou negativamente os resultados. “A gestão de custos precisa estar alinhada à estratégia, ao objetivo, à missão e ao planejamento de ações de longo prazo da empresa”, ressalta Gilmar.
Primeiramente, segundo o especialista em TI, é preciso verificar o total cost of ownership (TCO), que consiste no custo de propriedade de tecnologia dentro de uma organização, como a manutenção, o suporte e o gerenciamento de servidores, softwares e operadores. É a partir desta análise que se calculam os custos visíveis e invisíveis, além do retorno que as empresas têm sobre os investimentos.
Uma vez calculados os custos, há quatro objetivos que devem ser perseguidos pelo investimento em TI na gestão de custos, de acordo com o estudo apresentado. O primeiro deles são os objetivos estratégicos, que consistem em todo esforço financeiro ou de investimento que se faz em uma organização de TI, onde é realizado o suporte à empresa para entrar em novos mercados. “Um exemplo de realização deste objetivo é a Petrobras investindo na perfuração de poços profundos, ainda inexplorada por ela”, diz Gilmar.
O segundo é o objetivo informacional, que trata de investir em TI para prover informações para a gestão na forma de relatórios, controles internos e business intelligence. “Trata-se da ferramenta para tomada de decisão. Aqui, investe-se o dinheiro da companhia para que ela tome a melhor decisão, seja em relação a clientes, custos, serviços e até fornecedores”, exemplifica o especialista.
Em terceiro, estão os objetivos transacionais, onde se procura a automação de processos, cortando custos. Neste caso, a intenção é investir em sistemas de processamento, contabilidade e cobrança, sem que seja necessário ter mão de obra para realização de contas e processos. Por último, estão os objetivos de infraestrutura, que consiste no mais básico objetivo: uso de computadores, energia elétrica, entre outros. Conforme completa Gilmar, “cada um dos processos é vital para o bom funcionamento da gestão de custos aliada à tecnologia da informação. É uma cadeia unida de objetivos que não podem ser deixados de lado”.