No dia 25 de julho, Rubens Maciel e Jeanne Pilli apresentaram as vantagens da meditação para a saúde. A palestra foi organizada pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) e discutiu as mais novas pesquisas do Brasil e do mundo. O principal benefício da prática é a redução do estresse, que atinge 90% da população global segundo a Organização Mundial de Sáude (OMS).
Rubens é psicanalista e coordena a Clínica de Redução de Estresse na USP. Para ele, a prática da meditação é uma "psicologia em primeira pessoa", pois busca o auto-conhecimento. Cada pessoa tem como objetivo atingir um bem-estar e uma felicidade maior através da conquista do conhecimento e da quietude da mente, da possibilidade de se focar no presente e no próprio corpo. O nome Buda, que foi dado a quem mais aprofundou esta prática, significa "o desperto". Portanto, a meditação não é um método místico e sim uma observação mais profunda dos detalhes que nos rodeiam.
A técnica apresentada por Maciel, a chamada Meditação da Atenção-Plena (Mindfulness), traz diversos benefícios a saúde. Entre eles, podemos destacar ativação do lado esquerdo de cérebro e o crescimento na massa cinza do hipocampo, que ajudam nas sensações de bem-estar. Além disso, a meditação influencia na regulação do sistema imunológico, principalmente porque é capaz de fazer mais conexões neuronais entre a amídala e o córtex pré-frontal, regulando hormônios relacionados com o estado de alerta, o estresse e a ansiedade.
Devido a essas ações, a Meditação da Atenção-Plena é uma boa forma de tratamento para diversas condições relacionadas a esses hormônios como depressão, hipertensão arterial, hiperatividade, transtornos alimentares, de sono e bipolar. Hoje, o SUS tem 4.139 estabelecimentos que trazem práticas como essa, já que o tratamento é de baixo custo e pode ser realizado em casa.
Jeanne Pilli é intérprete e tradutora de Alan Wallace criador do Cultivating Emotional Balance, em Santa Bárbara (EUA). O projeto de Wallace foi construído após discussões periódicas com o Dalai Lama e faz pesquisas para descobrir se as práticas budistas da meditação ajudam cientificamente as pessoas a lidarem com suas emoções destrutivas.
O estudo clínico realizado observou professoras de 25 a 60 anos. Elas foram levadas para retiros de oito semanas que uniram aulas sobre o assunto à momentos práticos. Foram analisados os seguintes aspectos: os níveis de concentração, o entendimento das próprias emoções e das dos outros e as habilidades de lidar com conflitos emocionais. Os testes foram aplicados antes do treinamento, logo depois e cinco meses depois e revelaram uma melhora em todos os aspectos.
O lema desse projeto diz que é sempre possível melhorar seu bem-estar, não importa em qual situação. Para alcançar esse objetivo Alan Wallace acredita que é necessário quatro equilíbrios: o da atenção, o cognitivo, o conativo e o afetivo.
O primeiro é no qual a meditação age mais diretamente e consiste em treinar a nossa atenção para o que mais vale a pena e em uma coisa de cada vez. O cognitivo é estar consciente do momento no qual está presente, sem se divagar e sem realizar diversas tarefas ao mesmo tempo. O equilíbrio conativo, é o desejo de ter felicidade sem procurá-la em meios externos, ao mesmo tempo que não aceitar a vida do jeito que ela está. Já o último, o afetivo, é a consequência dos outros equilíbrios, pois você consegue se relacionar com outros mais profundamente, vendo e ouvindo o que cada um tem a dizer sem julgamentos prévios, sem arrogância ou hostilidade.
Saiba mais sobre meditação no blog de Jeanne Pilli: www.equilibrando.me