ISSN 2359-5191

07/08/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 60 - Saúde - Instituto de Psicologia
Animal de terapia assistida é tema de mestrado no Instituto de Psicologia

Interações assistidas por animais são tema de pesquisa da médica veterinária Carolina Rocha no Instituto de Psicologia. O estudo, que envolve a visita de cães a abrigos e lares, considera suas reações nos ambientes das atividades, bem como analisa seu comportamento antes e durante as visitas.

Carolina explica que há muitos estudos sobre atividades com animais. Porém a ênfase é sempre dada ao humano, aos benefícios que ele obtém. Diante disso, decidiu estudar o outro lado, “o que isso traz para o cão”, segundo suas próprias palavras. Para ela é importante entender que se inclui o animal em uma situação que, não necessariamente, é boa para ele. O cão possui história, personalidade e gostos e, além disso, a seleção dos animais para essas atividades é muito subjetiva.

Os riscos acabam sendo para ambos os lados. Por um lado para o cão, “porque ele sofre estresse e, às vezes, um cão avaliado como tranquilo, quando colocado em uma situação de estresse, pode não ser mais tranquilo, assim como nós”, afirma. Por outro lado, para os pacientes, que são pessoas que estão em uma condição de vulnerabilidade, seja de saúde, de atividade, ou de carinho e que, de repente, podem estar diante de um cão agressivo. O objetivo maior da atividade, então, acaba por não se realizar, o de trazer benefícios à pessoa.

Filmagens, medições de hormônios e testes

O estudo abrange várias etapas e conta com 16 cães ao todo. Em princípio, são feitas filmagens que serão analisadas por um software que identificará comportamentos do cão, sejam sinais faciais, sinais corporais, latidos. Bem como também são realizadas medições de hormônios como o cortisol, que é um denotador de estresse, e que, se aumentado, indica que o cão passou por algum momento de estresse ou de dificuldade durante a interação. Esse resultado hormonal é comparado com os registros comportamentais.

Também são aplicados testes tanto aos tutores dos animais quanto aos próprios animais. A partir desses testes, busca-se inferir possibilidades de o cão apresentar atitudes que denotam ansiedade, agressividade para com humanos, medo, entre outras reações. Os testes também buscam avaliar a sociabilidade do cão, pois se espera que os cães sejam sociáveis e gostem de interação para que possam participar das terapias e das atividades.

Com vistas à aplicação prática, Carolina Rocha explica que, no Brasil, os médicos veterinários que trabalham com comportamento animal são pouquíssimos e que, em geral, quando surgem problemas comportamentais, os proprietários procuram adestradores. Segundo a mestranda, o adestrador entende, sim, de obediência, de treinamento, de aprendizagem, mas que é muito importante que exista um profissional que possua conhecimentos na área de saúde, que possa fazer um diagnóstico diferencial do animal, pois este pode ter mais do que um comportamento indesejado. “Hoje o cão fica num apartamento de 80 metros quadrados e não anda nada. E às vezes a gente se questiona: Por que estamos diante um animal agressivo? Frustrado? Com vários problemas de saúde? Porque esses animais são mantidos em condições depletérias. E essas considerações, importantíssimas, fazem falta na nossa área”, conclui.

O mestrado está sendo realizado sob a orientação da professora Marie Odile Monier Chelini, dentro do grupo de pesquisa Projeto Infante, que também é organizado pela professora Emma Otta, no Departamento de Psicologia Experimental (PSE).

 

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