ISSN 2359-5191

09/08/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 61 - Saúde - Instituto de Psicologia
Índice de mortes por suicídio cresce no Brasil, indica pesquisa
O Suicídio - Edouard Manet

Nas últimas décadas a questão do suicídio e a forma com que a sociedade lida com o assunto vem se modificando e se tornando objeto de atenção e preocupação de países, sociólogos e médicos. No Brasil, os índices de suicídio ainda são baixos, quando comparados com a média mundial, entretanto os números de pessoas que tiram a própria vida vem aumentando nos últimos anos no país, principalmente entre as populações masculina, jovem e recém adulta. O país é hoje o 10º no mundo onde mais acontecem casos de suicídio, é o que aponta o pesquisador Neury Botega, professor do departamento de psiquiatria da UNICAMP e convidado para a segunda jornada do Laboratório de Estudos sobre a Morte (LEM) do Instituto de Psicologia da USP (IPUSP).

A questão, hoje tratada como um problema grave de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS), originou um programa de prevenção ao suicídio, no qual medidas de combate a esse problema são apresentadas. As maiores taxas apontadas são dos países da ex União Soviética e da Escandinávia, onde os índices diminuíram após a adoção do programa da OMS. Outros países, assim como Brasil, apresentam taxas crescentes de suicídio, são os casos da Coréia do Norte e do Japão. No Brasil, 26 pessoas tiram a própria vida diariamente, e, segundo Botega, esse número tende a ser maior, devido a muitos casos de suicídios que não são relatados no óbito. Outro fator apontado é de que as maiores taxas de pessoas que tiram a própria vida são encontradas em municípios e cidades pequenas ou médias, nas grandes cidades essas taxas tendem a ser menores.

O pesquisador chama atenção para a forma com que as tentativas de suicídio são tratadas pelos médicos: é necessário estar atento não apenas ao momento vivido pelo indivíduo com comportamento suicida (o que está na cabeça no momento da tentativa) mas também a fatores psicológicos construídos ao longo da vida dessas pessoas. Botega afirma que há fatores de risco presentes no comportamento suicida, sendo alguns desses fatores: transtornos psiquiátricos, caso de suicídio na família, abuso físico ou sexual na infância, perda dos pais na infância, perda de emprego e isolamento social.

A questão do suicídio ao longo do tempo

Atualmente o indivíduo suicida é visto com preocupação, entretanto nem sempre foi assim. A forma com que os seres humanos tratam o assunto se modificou diversamente ao longo do tempo. Na sociedade greco-romana, por exemplo, o ato suicida era visto como algo honroso, relacionado à coragem. Para os estóicos o suicídio era uma possibilidade, uma opção, para quando o corpo está passando por um momento de muito sofrimento.

Já na idade média, com a ascensão do cristianismo, a questão foi tratada cada vez mais como um pecado, como uma tentação demoníaca. Já no fim da Idade Média, passou a ser relacionada a um distúrbio mental, causador da melancolia – hoje relacionada a depressão – que mais tarde, na idade moderna, se tornou a questão do dilema humano. Nas peças de Shakespeare, como aponta o pesquisador, o suicídio foi representado diversas vezes – a famosa frase “Ser ou não ser, eis a questão”, por exemplo,  pode ser uma referência ao suicido.

Já no século XIX, o teórico Durkheim (é considerado um dos pais da sociologia)iniciou o pensamento que ainda hoje é presente: a questão do suicídio está relacionada a um fator social, sendo esse fator social uma força que se impõe ao individuo e tem existência independente – está relacionada ao grau de integração social e grau de controle social.


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