ISSN 2359-5191

08/12/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 22 - Educação - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Violência e Exclusão Social x Educação: é preciso ir além do discurso
A quantidade de anos estudados limita a resolução da questão no Brasil

São Paulo (AUN - USP) - O aumento dos índices de violência e de exclusão social é um fato. Também é fato que todas as análises nos levam à conclusão de que o ponto comum entre ambos é a educação. O professor da Faculdade de Economia (FEA-USP), Naércio de Menezes Filho, estudou as causas dos processos que levam à criminalidade, e como resolver a questão atacando as causas e revertendo a exclusão e o caos social.

O professor constatou em seu estudo que apesar do Brasil ter uma renda per capita alta, possui um índice de 33,4 % de indigentes, pessoas vivendo abaixo do nível mínimo de condições de sobrevivência. Continuando as análises de seu estudo, ele comprovou que 48% de toda a renda produzida no país ficam com 10 % da população, uma elite que além de concentrar a renda, termina por concentrar as oportunidades de melhor formação escolar.

Para Menezes, a solução para quebrar este ciclo está na qualificação da mão-de-obra. Sua pesquisa demonstra que há uma relação direta entre o salário e a quantidade de anos de estudo, pode-se dizer que os anos de estudo separam as pessoas que vão sair da linha de exclusão e aquelas que ainda estarão presas no ciclo vicioso das famílias pobres que não têm condições de manter seus filhos na escola e abreviam o potencial profissional dessa criança para o futuro.

Mas não é só garantir mais tempo de escola, concentrando-se no ensino fundamental e médio; tem que ser garantida sua entrada na faculdade, aliada a uma política de estruturação para que o aluno de classes sociais menos favorecidas chegue à faculdade com uma boa formação nos níveis anteriores. Caso contrário, a exclusão continuará a existir com outras formas de elitização do conhecimento.

Melhorar o nível das escolas faz parte dessa reestruturação. Segundo o professor, a questão da distribuição de recursos para a educação tem boas experiências, como o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), que aumenta o repasse para os professores, permitindo criar políticas de incentivo e envolvimento com as comunidades.

Entre as políticas que Menezes lista como úteis para construir uma solução dos problemas, ele cita as cotas nas universidades para estudantes do ensino público, ampliação do crédito educativo, a criação de outras formas de acesso às universidades públicas no Brasil e a elaboração de um conteúdo escolar com qualidade.

Menezes levantou nas suas análises que as práticas emergenciais de transferência de renda, como o Bolsa-Escola, são essenciais enquanto as outras políticas estiverem em fase de implantação. A educação é a chave, mas precisa ser usada corretamente, saindo do campo ideal e sendo colocada em prática por meio de programas e de uma nova visão das soluções.

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