ISSN 2359-5191

08/12/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 22 - Sociedade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Praças brasileiras são temas de pesquisa na FAU
Estrutura dos espaços públicos muitas vezes não corresponde às necessidades da população

São Paulo (AUN - USP) - Um coreto, alguns bancos, gramado e espaço para caminhar. Seria essa a descrição de uma praça que você tem em mente? Para o pesquisador Fábio Robba a imagem padrão faz parte de um contexto de como a praça brasileira é vista. Por mais que muitas vezes abandonada, a praça tem um valor central no lazer das pessoas que vivem em centros urbanos, e foi tema de seu doutorado : A Praça Contemporânea no Brasil - do Programa à Forma Projetual.

Em sua tese, defendida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), Robba estudou o que é a praça nas principais cidades brasileiras, no final do século XX.

Segundo ele, a praça deve ser vista como elemento urbano fundamental em tempos atuais, já que ela é um espaço público onde pode haver lazer (tanto o esportivo, como o social e o contemplativo), assim como uma convivência da população, não só entre si, mas com elementos da natureza, fato esse cada vez mais raro nas cidades grandes do Brasil.

Como é elemento essencial, a importância que se dá, majoritariamente, no desenho da praça deveria ser bem maior. Para Robba, a maioria das praças não tem uma projeção diferente das que se tem em mente: um coreto, um chafariz e um playground. “Muitas vezes o que há é uma mera reprodução de arquétipos, sem se pesquisar a real necessidade da comunidade. Quadras de futebol, quaisquer plantas, por vezes são as respostas dos paisagistas às praças”. Como as cidades e suas demandas estão em constante transformação, complementa Robba, não há porque se manter as soluções do passado.

Em sua tese, o pesquisador aprofunda-se mais no assunto e tenta achar algumas possíveis origens para isso. Entre as principais razões para a falta de criatividade, ele destaca o esquema em que sua construção é submetida. “Normalmente, a necessidade de se fazer alguma obra política com urgência não deixa que o paisagista pense profundamente o espaço em questão. Além disso, nossos profissionais raramente são preparados para projetar paisagismos”.

Na maioria dos cursos superiores de arquitetura não há dedicação maior que dois semestres na grade curricular e, no Brasil, não se tem uma formação específica para o projetista de paisagem. Mesmo o conceito de arquitetura paisagística é polêmico, muitos arquitetos discordam dele, ademais, pessoas formadas em Agronomia também podem trabalhar na estruturação paisagística de um espaço público. Mas para Robba, paisagismo é arquitetura, a partir do momento em que se estrutura um espaço tridimensionalmente.“Poucos realmente dedicam-se ao assunto diretamente. Assim a formação do projetista é comprometida” completa Robba.

Outra vertente da pesquisa de Robba é a de que, atualmente, não existe nenhuma teoria hegemônica que perpasse a arquitetura paisagística no Brasil. “Na verdade, o que há são várias correntes de vanguardas, bem dispersas, e que não formam um conjunto”.

Como conclusão, Fábio Robba sugere algumas medidas para tentar mudar o atual esquema de produção do paisagismo. “Os profissionais têm que ser mais bem preparados, seja no ensino das escolas superiores, seja em cursos específicos”. Além disso, complementa, é mister que os órgãos específicos priorizem o planejamento a longo prazo, para não haver crise com a manutenção e para que se entenda a real necessidade de cada região.

Mais informações : frobba@terra.com.br

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