ISSN 2359-5191

08/12/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 22 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Hormônio utilizado para tratar obesidade tem efeitos sobre o coração
Por meio de ação gênica, o hormônio T3, liberado pela tireóide, aumenta a produção de mioglobina, uma proteína responsável pelo transporte de oxigênio e de grande importância em casos de elevado esforço físico

São Paulo (AUN - USP) - Alguns médicos ainda receitam o hormônio T3, produzido pela glândula tireóide, para combater a obesidade. Esse hormônio eleva o metabolismo e, devido à acentuada queima de energia, produz emagrecimento. Mas pesquisas alertam: o T3 tem grande efeito sobre o músculo cardíaco, o que produz taquicardia em pacientes que o ingerem artificialmente.

Um estudo apresentado ao Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) analisou a maneira com que o T3 interage com outros elementos do organismo. A pesquisadora Gisele Giannocco fez experimentos em que o hormônio era aplicado em ratos cuja tireóide havia sido retirada. Verificou-se que, nesse grupo, houve um aumento da produção de mioglobina, uma proteína que, a exemplo da hemoglobina, transporta oxigênio. A diferença é que a principal função da mioglobina é agir como “reserva”, protegendo o coração da isquemia (falta de oxigênio durante exercício com grande esforço).

Análise gênica

Gisele verificou que o T3 age sobre determinados elementos do gene responsável pela produção de mioglobina, maximizando sua ação. Esse é o efeito básico do T3, uma informação essencial para que se possa entender e, em última análise, controlar e modificar a ação do hormônio.

“Concluímos, assim, que o T3 tem efeitos sobre a síntese de mioglobina”, afirma Gisele. “O fato de se ter encontrado esse aumento também em cobaias normais, quando há aplicação de T3, confirma essa constatação”. Dessa forma, tem-se uma elevação do metabolismo, efeito que, por um lado, resulta em queima de energia e, por outro, em aumento da freqüência cardíaca. Também vale destacar o efeito rápido do T3: houve um aumento significativo das taxas de mioglobina cerca de 30 minutos após a aplicação do hormônio.

A pesquisa verificou, ainda, que há uma interação entre o T3 e a adrenalina, um hormônio de efeito estimulante que também provoca o aumento da freqüência cardíaca. Gisele explica que, ao aplicar propanolol, uma substância que reduz o número de batimentos do coração, houve diminuição simultânea da ação da adrenalina e da mioglobina. Pode-se dizer, assim, que há uma relação também entre esses compostos.

O estudo detalhado foi publicado recentemente no periódico internacional Molecular and Cellular Endocrinology.

Mais informações:
(0XX11) 3091-7253, na Secretaria de Pós-Graduação de Fisiologia Humana do ICB.

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