ISSN 2359-5191

26/09/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 71 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Pesquisa da FSP aponta relação entre tráfego de veículos e internação por doenças respiratórias
Crianças são as mais afetadas pela má qualidade do ar
Tráfego intenso de veículos altera a qualidade do ar e aumenta incidência de internações por problemas respiratórios

Tráfego intenso de veículos na cidade de São Paulo prejudica a saúde de crianças. Essa foi a conclusão da pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, desenvolvida pelo geógrafo Samuel Luna de Almeida. Segundo o pesquisador, a preocupação com a qualidade do ar vem aumentando desde a década de 1970 e a emissão de poluentes diminuiu bastante desde então. Mas a falta de estrutura de transporte coletivo e de uso do solo da cidade continuam incentivando o uso de veículos individuais. “Na cidade de São Paulo, temos mais de 600 emplacamentos por dia e, mesmo que melhorias técnicas tenham sido feitas nesses veículos, a poluição do ar continua provocando riscos à saúde”, diz Almeida.

O pesquisador analisou estatisticamente a taxa de internação por problemas respiratórios e sua relação com as áreas de tráfego intenso de veículos. Nas crianças até 5 anos de idade, esses dados coincidem, ou seja, elevadas taxas de internação ocorreram em áreas de muito tráfego. “Estudamos crianças com até 4 anos de idade e idosos com mais de 65 anos porque esses são, segundo a literatura médica, os grupos vulneráveis para doenças respiratórias”, explica. Na população idosa não foi encontrada relação. Esse resultado, segundo o pesquisador é explicado por questões socioeconômicas: “O idoso que mora no centro, que é um setor em que circulam muitos veículos, tem melhores condições socieconômicas e consegue tratar seus problemas de saúde antes de ser internado”, explica. “Doenças respiratórias só levam a internação em casos muito graves. Geralmente as pessoas vão ao pronto-socorro, fazem uma inalação e voltam”. Encontrar incremento na taxa de internação é, portanto, bastante significativo.

A intensidade de tráfego foi determinada pelos dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) sobre quantidade de carros que passavam em certos pontos da cidade. Em locais que não houve esse monitoramento a equipe da FSP contou os carros manualmente. A Ponte Cidade Universitária foi um deles. Esses valores foram distribuídos de acordo com a hierarquia das vias: se o trânsito era local ou rápido e cidade foi dividida em setores.

As taxas de internação do período de 2004 a 2006 foram fornecidas pela Secretaria de Saúde para a FSP sob sigilo, ou seja, apenas os endereços das pessoas internadas foram divulgados. Esses endereços foram localizados na malha de ruas e foi possível, então, comparar taxa de internação com quantidade de tráfego. Segundo esses dados, quase 40% das internações de crianças, tanto em hospitais do SUS como em hospitais privados, foram causadas por problemas respiratórios. “Mesmo que causas virais como gripe também levem à internação, a literatura comprova que quase 10% delas tem relação com a má qualidade do ar, ou seja, 10% dessas crianças poderiam não estar internadas”, explica o pesquisador.

Para Almeida, o trabalho é importante para apontar a incoerência que existe na atual matriz energética do país, pois existem melhores alternativas aos combustíveis fósseis, como a eletricidade, por exemplo, e é um argumento a favor do uso inteligente do solo, ou seja, a desconcentração do centro, e do transporte coletivo como melhor opção para a mobilidade e a saúde. “Esse trabalho pretende ser um registro de uma situação epidemiológica que São Paulo se encontra”.

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