ISSN 2359-5191

14/12/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 23 - Sociedade - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Segredo da campanha do Atlético Paranaense está na sua gestão profissional
Clube atua com eficácia no planejamento estratégico e no centro de formação de atletas

São Paulo (AUN - USP) - Os comentaristas de futebol dizem que o Atlético Paranaense conta com muito bons jogadores, como Jádson, Washington, Dagoberto e Denis Marques, e isso explica o fato do time estar atualmente na vice-liderança do Campeonato Brasileiro. Mas todo esse brilhante desempenho num torneio tão disputado não aparece por acaso, e o segredo vem de fora dos gramados. Através de um estudo de caso, o aluno de contabilidade da FEA (Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade), Amaury José Rezende, percebeu que o Clube Atlético Paranaense conta com uma excelente estrutura contábil que deveria ser exemplo para outros times. Isso poderia explicar porque o clube ainda é um dos candidatos ao título e será campeão no próximo domingo se ganhar do Botafogo em casa e o Santos não vencer o Vasco em São José do Rio Preto (há 22% de chance de isso acontecer, segundo o matemático Oswald de Souza).

A pesquisa de mestrado, “Estudo sobre os eventos identificados no processo de gestão de contratos de jogadores de futebol: O Caso do Clube Atlético Paranaense”, lista os principais destaques do clube. Isso inclui a adoção de um sistema de gestão estruturado, o planejamento estratégico de longo-prazo e a construção de um centro de formação de atletas, considerado um dos melhores da América Latina. Esses fatores fizeram o time revelar vários jogadores e evoluir na sua performance nos últimos dez anos. Com isso, por exemplo, foi campeão do Nacional de 2001, quando bateu o São Caetano.

Amaury apenas questiona para essa temporada a contratação do técnico Levir Culpi com o campeonato já em andamento. Ele substituiu o interino Júlio Piza, que comandava o time após a demissão de Mário Sérgio pela derrota contra o Coritiba na final paranaense. O pesquisador especula que essa não foi uma solução mágica para o clube, pois o técnico contratado participara do rebaixamento do Palmeiras à segunda divisão e, apesar de ter subido à primeira com o Botafogo, teve uma péssima campanha frente ao clube carioca no campeonato deste ano.

Sem considerar esse fato isolado, Amaury destaca que o Atlético Paranaense possui um dos estádios mais modernos e confortáveis do país, que adota o modelo europeu. É a Arena da Baixada, que é chamado de “multiuso”, pois não se restringe às práticas esportivas, mas oferece restaurantes, lojas, centro de convenções, camarotes, espaço para shows, praça de alimentação e cinemas.

Por último, Amaury ressalta a importância de o Atlético Paranaense pagar em dia seus atletas e priorizar atletas formados no clube. Isso faz com que haja sempre peças de reposição quando o time perde algum jogador importante. A integração harmoniosa dos gestores das diversas áreas, a disciplina imposta no processo de formação e a preocupação social e humana do clube com a formação do atleta são também aspectos considerados na pesquisa.

O pesquisador explica que, basicamente, o clube pratica sete tipos de decisões em relação à gestão de seus contratos, a saber, contratar, comprar, vender, emprestar, renegociar contratos, formar e permutar. Cada uma é tomada a partir de um conjunto de variáveis quantitativas e qualitativas de que os gestores têm consciência, mas o clube não disponibiliza um sistema de avaliação para esses eventos. Assim, o trabalho propõe uma metodologia que permite aos gestores avaliarem a viabilidade econômica de suas decisões. Isso lhes dá meios para otimizar a eficácia de seu planejamento, avaliação e controle das transações relacionadas ao jogador de futebol, considerado um ativo importante para a manutenção das atividades dos clubes.

As limitações da pesquisa são que os resultados restringiram-se ao caso estudado, e, portanto, não possibilitam generalizações. Faltariam também mais investigações empíricas, segundo o próprio autor do trabalho, que não tem objetivo de propor solução definitiva à questão.

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