ISSN 2359-5191

30/09/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 73 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Música é alternativa a sedativos em cirurgias odontológicas
Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A utilização de música influencia nas condições fisiológicas do paciente adulto moderadamente ansioso que está sob estresse cirúrgico odontológico. Segundo a pesquisa realizada para a dissertação de mestrado de Ana Carolina Junqueira, defendida na Faculdade de Odontologia, pacientes com pressão estável (normotensos) e pacientes com pressão elevada (hipertensos), que realizaram extrações dentárias submetidos a composições musicais, tiveram suas frequências cardíacas alteradas principalmente durante o último período da operação.

Como explica a professora Maria Cristina Zindel Deboni, do Departamento em Cirurgia Buco Maxilo Facial da FO e orientadora do trabalho, outros fatores como pressão, número necessário de tubetes de anestésico, nível de dor pós-operatória, saturação de oxigênio e consumo de analgésico se mantiveram iguais antes da anestesia, durante a cirurgia e depois dela. Mas a frequência cardíaca na parcela de hipertensos e na parcela controle (normotensos) mostrou, sim, diferença quando submetidos à música, mudança essa ainda mais significativa nos primeiros, os quais tiveram redução de 15% a 20% na frequência, enquanto nos segundos esse número ficou na casa dos 5%. A música foi pensada pelo grupo de pesquisadores de maneira que se mantivessem as medicações normais para hipertensos, mas que se abdicasse de qualquer outro tipo de droga calmante para os pacientes como um todo.

A pesquisa foi realizada no ambulatório da Faculdade de Odontologia com pacientes que realizariam extração de dente (exodontia). Foram formados dois grupos, os que ouviriam e os que não ouviriam música durante a cirurgia, e ambos continham indivíduos de semelhantes pesos e alturas e diferentes níveis de pressão, sendo que, ao total, 30% dos candidatos eram hipertensos. O paciente selecionado para ouvir música escolhia previamente seu gênero e cantor favoritos, que o acompanhariam durante todo o procedimento em um fone redutor de ruídos, cujo controle ficaria em suas mãos.

O paciente ouvia 20 minutos de música antes da anestesia, 20 minutos durante a exodontia, e 20 minutos após ela. Os resultados mostram que a música começa a fazer efeito de relaxamento a partir de 20 minutos após o início da cirurgia.  “O interessante é que no último momento era quando a frequência estava mais baixa”, conta Maria Cristina. Mesmo a frequência tendo aumentado durante a cirurgia, no final se encontrava bem inferior.

A orientadora explica que, segundo o que há na literatura sobre musicoterapia, a canção que mais relaxa é aquela de que a pessoa gosta, o que torna ideal que seja ela quem a escolha. Além disso, pode ser que um gênero adverso cause ainda mais estresse e irritação, atrapalhando o procedimento cirúrgico. “Como se trata de uma anestesia local, é só não deixar o volume muito alto para manter a pessoa atenta e confortável caso precise se comunicar com o cirurgião”, complementa. Isso ajuda a cirurgia a ser mais rápida e a acalmar o paciente na hora de tomar uma anestesia ou não. “Se o paciente for muito ansioso ou fóbico talvez seja sim necessária a medicação. Mas em casos mais brandos a música pode ser uma alternativa aos sedativos e ao gás hilariante (óxido nitroso).” Só de distrair o paciente dos ruídos da cirurgia, como do barulho do motor dos equipamentos, por exemplo, a medida comprovadamente se torna bastante eficiente.

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