ISSN 2359-5191

03/10/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 75 - Economia e Política - Instituto de Relações Internacionais
Opinião pública é importante para a política externa
Apesar das tomadas de decisões ainda se encontrarem muito restritas, interesse da sociedade sobre assuntos de política internacional cresce

Política externa é um tema bastante ligado à opinião pública, sendo capaz de mobilizá-la. É o que afirma o pesquisador Amâncio Jorge Oliveira, professor do Instituto de Relações Internacionais (IRI/USP), que conferenciou sobre Opinião Pública e Política Externa no concurso para professor titular do IRI. Essa relação é mais visível do que o contrário, que seria mais característico de decisões democráticas: a opinião pública influenciando a política externa. No entanto, o pesquisador acredita que isso pode ocorrer e apoia a ideia de que a pequena participação das pessoas se deve ao fechamento dos canais de participação. “Quando o Itamaraty abre para a sociedade as negociações, ele as chama basicamente para legitimar suas decisões. Já está decidido o que será feito”.

Há algum tempo nas discussões de Relações Internacionais, a opinião pública tem polarizado dois grupos. O dos realistas, com visão cética sobre essa relação, sustenta que a opinião pública não teria nenhuma relação com política externa. Por outro lado, para a visão otimista, a opinião pública é coerente, razoavelmente informada, estável e razoavelmente influente dependendo do tema discutido, principalmente em discussões sobre segurança. Para esses pesquisadores, sua presença na política externa é positiva e melhora a qualidade dos acordos.

Atualmente, é difícil negar que realmente haja essa relação. A importância da opinião pública fica mais visível dependendo do tema de política externa à medida que os processos vão se tornando mais complexos. “Essa discussão sobre a importação dos médicos, o programa Mais Médicos, do Governo Federal, passa a ser um tema em que não há dúvidas sobre a relevância da relação entre Opinião Pública e Política Externa. Agora ficou taxativa essa relação”, afirma o professor. A questão é pesquisar como se dão as diferentes formas dessa relação.

Um estudo realizado em parceria com a Universidade da Carolina do Norte, por meio de pesquisas de opinião com os alunos, testou a influência de fatores não-materiais sobre formação de opinião. Entre esses fatores estão escolaridade, normatividade, efeitos sociotrópicos – se os indivíduos tomam decisões baseadas em escolhas egoístas ou pensando no impacto para o país –, gênero, regimes políticos, entre outros.

Foram encontrados dois resultados, um esperado e um inesperado. O primeiro é o de que o apoio ao acordo comercial testado diminuía quando se atingia a defesa dos Direitos Humanos. Já o segundo mostrou que a preocupação com regimes políticos não é relevante (no caso, uma democracia realizando um acordo comercial com um regime não-democrático). Além disso, havia diferenças de opinião visíveis entre gêneros e quando havia conservadorismo.

Para o Oliveira, ainda há muitos assuntos significativos a serem pesquisados nessa relação. O professor espera que opinião pública e grupos de interesse possam influenciar positivamente as elites decisórias. E para se saber ao certo como funciona esse processo, são necessários mais estudos e investimentos. À medida que esses assuntos aumentam em relevância no cenário internacional, é fundamental entendê-los.

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