Acervos de livros e de artes danificados pela ação de fungos e de insetos são tratados e recuperados pelo Irradiador Multipropósito de Cobalto-60, que extermina os organismos responsáveis pela deterioração desses materiais. O procedimento é feito no Centro de Tecnologia das Radiações (CTR) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - Ipen e é coordenado pelo Dr. Pablo Vasquez.
A radiação ionizante tratou livros da Biblioteca da Escola de Comunicação e Artes, do Instituto de Química e do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. O processo também foi aplicado em parte do arquivo da Biblioteca Mario de Andrade, do Centro Cultural São Paulo, assim como em obras de arte do Museu Afro Brasil e do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).
Muitos livros antigos, quadros, e outros objetos de valor histórico e cultural acabam danificados pela ação de fungos e insetos, como traças e brocas, por exemplo. O desenvolvimento de pesquisas que buscavam desinfestar e desinfectar estes objetos usando a radiação gama se iniciou nos anos 60. Hoje, o CTR exerce o processo de recuperação de livros e obras de arte (materiais de celulose) assertivamente. As pesquisas desenvolvidas permitiram saber exatamente a quantidade de radiação e o tempo de exposição necessária para que sejam eliminados os microrganismos indesejados sem danificar o material tratado.
O tratamento consiste em irradiar com raios gama, provenientes do cobalto-60, os materiais danificados. A radiação atua penetrando o material e atacando o DNA dos insetos ou fungos, causando sua morte celular. A morte dos organismos também se dá com processo de radiólise, que é ocasionado pela reação da radiação com a água presente nestes seres-vivos. No papel, os fungos, por exemplo, precisam de uma dose aproximadamente seis vezes maior que os insetos para serem exterminados.