ISSN 2359-5191

09/10/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 78 - Meio Ambiente - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Pesquisador português discute cidades como organismos vivos
(Foto: Júlio Boaro)

As dinâmicas urbanas e suas influências sobre as decisões governamentais e sobre o cotidiano dos cidadãos foi tema de debate na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU). O professor do Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal (LNEC), Jorge Alberto Gil Saraiva, apresentou para a Faculdade suas visões e resultados de estudos no painel Bairros Vivos, Cidades Vivas.

As cidades, conforme Saraiva, são sistemas que se baseiam intensamente no uso de energia. Analogias podem ser feitas com máquinas térmicas, que transformam fontes de energia em trabalho útil. O professor diz que a situação de caos urbano é o estado natural. "Quando queremos ordenar nossas vidas e nossas cidades, só há uma maneira de fazer", afirma. "Fechamos os sistemas, organizamo-los através de trabalho e, assim, consumimos energia". O excesso energético utilizado nessa organização vira energia fria, ou seja, o lixo jogado fora pela população.

Esse processo é essencial para o desenvolvimento das cidades. Cada região do mundo possui seu nível de desenvolvimento atrelado à quantidade de energia consumida. Estudos do professor mostraram que consumo per capita de energia e densidade populacional são inversamente proporcionais. Cidades desenvolvidas dos Estados Unidos possuem menor densidade demográfica que países do Sudeste Asiático, porém consomem muito mais energia por cabeça. "Se Portugal não tem três tomadas e meia per capita, ela não tem 80 anos de expectativa de vida, 5 em mil de taxa de mortalidade infantil ou 11% de analfabetismo", diz Saraiva.

Quando fala-se em planejamento de cidades, o conceito básico que deve ser apreendido é o poder. "[O planejamento] é uma expressão do exercício do poder local", afirma o professor. Essa ideia endossa os problemas que podem aparecer no desenvolvimento de "megaprojetos" (termo utilizado pelo geógrafo dinamarquês Bent Flyvbjerg), como cidades. A má gestão desses projetos traz riscos para o seu uso efetivo. Porém, as consequências dessa tomada de decisões erradas não serão sofridas por quem as fez. Muitas vezes, elas são sentidas pelos cidadãos.

Essa má gestão pode levar à densificação urbana, devido à especulação imobiliária. Dentro dessa situação, Saraiva dá dois exemplos de como as pessoas podem perceber as consequências de planejamento urbano equivocado. Primeiramente, o escoamento de carros em vias perpendiculares às edificações ocasiona o confinamento da poluição automotiva entre os paredões dos grandes prédios. Há pouca circulação atmosférica, assim como em Lisboa: a periferia, localizada em áreas de maior altitude, impede que a poluição do ar seja levada pelo vento às regiões de rios.


O professor Saraiva também comentou a percepção das cidades em obras culturais. Acima, uma comparação da representação da cidade de Lutécia na obra Asterix: A Foice de Ouro, nas edições de 1985 e atual.

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