A aluna do quinto ano de História, pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e também pesquisadora de Iniciação Científica do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), Giovana Faviano apresentou o trabalho realizado junto ao Fundo Caio Prado Jr., do Arquivo IEB, no encontro da Society of American Archivists e do Council of State Archivists, nos Estados Unidos em agosto deste ano. Ainda no final de 2012, com a abertura às apresentações das atividades dos graduandos, a estudante enviou parte do trabalho desenvolvido com os documentos do historiador e intelectual brasileiro, dando destaque ao mais recente: as fotografias.
Parte de um trabalho maior, que envolve todo o fundo de Prado, Giovana já trabalhava há dois anos com as correspondências e com os dossiês da família Prado e Penteado, mas devido aos pré-requisitos do encontro, optou pelo trabalho mais recente que se consistiu na organização das fotografias de Caio Prado Jr. e de outras imagens que pertencem a sua família – um arquivo volumoso e que marcam a vida do autor em sua militância política, relações sociais, casa e vida familiar. "A ideia era organizar com as principais funções da vida dele e então arquivá-las de acordo com o fundo e suas principais atividades", lembra Giovana.
Sobre a experiência em terras norte-americanas, a pesquisadora conta que a experiência contribuiu para que nela se desenvolvesse um pensamento mais voltado aos arquivos – afinal, o congresso era um encontro de arquivistas para arquivistas. "Percebi que as pessoas que me procuravam tinham como principal interesse saber se o nosso trabalho estava digitalizado", diz Giovana. A pesquisadora conta que lhe impressionou também a forma de que "no que concerne arquivos, os Estados Unidos estão em um patamar em que tudo tem que estar digitalizado, tudo tem que estar facilmente acessível".
A acessibilidade e a viabilização dos documentos para os pesquisadores é o foco do Arquivo IEB. A partir do sistema digital da unidade, desenvolvido pelos próprios arquivistas em busca de facilitar o trabalho do pesquisado, os materiais são procurados e, assim, é possível digitalizá-los. "O IEB merece crédito porque ele tem se esforçado nesse sentido graças à sua equipe", reflete a estudante. O trabalho cuidadoso de descrição e fornecimento de dados ao programa de computador é importante para a divulgação do arquivo aos pesquisadores e a partir de seus pedidos é que é possivel digitalizar os documentos. "Sem procura, você não digitaliza os documentos. Sem o controle do que você tem, esses documentos não saem para digitalizar".
Imagens familiares da família Prado também são encontradas no Fundo. Foto Fundo Caio Prado Jr. IEB-USP
Vida de arquivologista
A pesquisadora conta que cresceu bastante com o trabalho no acervo. "Entrei no segundo ano de faculdade aqui no IEB e não tinha noção daquilo em que estava trabalhando". Com as atividades no arquivo entremeadas pela pesquisa com as fotografias, Giovana acredita que o trabalho se completou com o próprio processo da graduação. "Graças ao fundo, rico em informações, a gente vai muito além do que vê nas aulas, o desafio da gente descobrir as coisas e ir além daquilo é, as vezes, mais difícil do que uma interpretação de texto".
O trabalho de Giovana com os documentos guardados pelo historiador durante dois anos, contribuiu para que a organização e catalogação das fotos. "Com o trabalho anterior, conheci as atividades dele, o que ele fazia. A gente tinha, então, uma cronologia bastante detalhada", afirma. Caio Prado Jr., além de um grande intelectual, autor e historiador, era aparte de uma família extremamente tradicional de São Paulo e seu Fundo conta parte da história da cidade.
"Ele tinha um conjunto muito grande de documentos da Fazenda Guatapará, que pertenceu à família Prado, são documentos administrativos a fazenda", a pesquisadora acredita que esta acumulação tem muito a ver com a vontade do próprio pesquisador em estudar a historia da sua família e da região. Parte da história do país está em seu fundo: documentos de seus avós, por exemplo, marcam os movimentos do Partido Republicano e há, inclusive, uma carta de convocação para a Guerra do Paraguai.