ISSN 2359-5191

14/10/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 80 - Arte e Cultura - Instituto de Estudos Brasileiros
Trabalho com fotos de Caio Prado Jr. é levado para congresso internacional
Pesquisa com o fundo do historiador no IEB contribui para internacionalização da universidade
Além de fotos de pesquisa, há imagens pessoais como este autorretrato de Caio Prado Jr. Foto cedida pelo Fundo Caio Prado Jr. IEB-USP

A aluna do quinto ano de História, pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e também pesquisadora de Iniciação Científica do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), Giovana Faviano apresentou o trabalho realizado junto ao Fundo Caio Prado Jr., do Arquivo IEB, no encontro da Society of American Archivists e do Council of State Archivists, nos Estados Unidos em agosto deste ano. Ainda no final de 2012, com a abertura às apresentações das atividades dos graduandos, a estudante enviou parte do trabalho desenvolvido com os documentos do historiador e intelectual brasileiro, dando destaque ao mais recente: as fotografias.

Parte de um trabalho maior, que envolve todo o fundo de Prado, Giovana já trabalhava há dois anos com as correspondências e com os dossiês da família Prado e Penteado, mas devido aos pré-requisitos do encontro, optou pelo trabalho mais recente que se consistiu na organização das fotografias de Caio Prado Jr. e de outras imagens que pertencem a sua família um arquivo volumoso e que marcam a vida do autor em sua militância política, relações sociais, casa e vida familiar. "A ideia era organizar com as principais funções da vida dele e então arquivá-las de acordo com o fundo e suas principais atividades", lembra Giovana.

Sobre a experiência em terras norte-americanas, a pesquisadora conta que a experiência contribuiu para que nela se desenvolvesse um pensamento mais voltado aos arquivos afinal, o congresso era um encontro de arquivistas para arquivistas. "Percebi que as pessoas que me procuravam tinham como principal interesse saber se o nosso trabalho estava digitalizado", diz Giovana. A pesquisadora conta que lhe impressionou também a forma de que "no que concerne arquivos, os Estados Unidos estão em um patamar em que tudo tem que estar digitalizado, tudo tem que estar facilmente acessível".

A acessibilidade e a viabilização dos documentos para os pesquisadores é o foco do Arquivo IEB. A partir do sistema digital da unidade, desenvolvido pelos próprios arquivistas em busca de facilitar o trabalho do pesquisado, os materiais são procurados e, assim, é possível digitalizá-los. "O IEB merece crédito porque ele tem se esforçado nesse sentido graças à sua equipe", reflete a estudante. O trabalho cuidadoso de descrição e fornecimento de dados ao programa de computador é importante para a divulgação do arquivo aos pesquisadores e a partir de seus pedidos é que é possivel digitalizar os documentos. "Sem procura, você não digitaliza os documentos. Sem o controle do que você tem, esses documentos não saem para digitalizar".

Imagens familiares da família Prado também são encontradas no Fundo. Foto Fundo Caio Prado Jr. IEB-USP

Vida de arquivologista

A pesquisadora conta que cresceu bastante com o trabalho no acervo. "Entrei no segundo ano de faculdade aqui no IEB e não tinha noção daquilo em que estava trabalhando". Com as atividades no arquivo entremeadas pela pesquisa com as fotografias, Giovana acredita que o trabalho se completou com o próprio processo da graduação. "Graças ao fundo, rico em informações, a gente vai muito além do que vê nas aulas, o desafio da gente descobrir as coisas e ir além daquilo é, as vezes, mais difícil do que uma interpretação de texto".

O trabalho de Giovana com os documentos guardados pelo historiador durante dois anos, contribuiu para que a organização e catalogação das fotos. "Com o trabalho anterior, conheci as atividades dele, o que ele fazia. A gente tinha, então, uma cronologia bastante detalhada", afirma. Caio Prado Jr., além de um grande intelectual, autor e historiador, era aparte de uma família extremamente tradicional de São Paulo e seu Fundo conta parte da história da cidade.

"Ele tinha um conjunto muito grande de documentos da Fazenda Guatapará, que pertenceu à família Prado, são documentos administrativos a fazenda", a pesquisadora acredita que esta acumulação tem muito a ver com a vontade do próprio pesquisador em estudar a historia da sua família e da região. Parte da história do país está em seu fundo: documentos de seus avós, por exemplo, marcam os movimentos do Partido Republicano e há, inclusive, uma carta de convocação para a Guerra do Paraguai.

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