O Grupo de Estudos em Esporte para Pessoas Portadoras de Deficiência desenvolve, entre outras atividades, curso de natação inclusiva para deficientes. A iniciativa é um projeto de extensão da Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP.
As aulas são desenvolvidas, sob supervisão de um técnico, por monitores, alunos de graduação, que preferencialmente já tenham cursado a disciplina de natação na EEFE. Eles recebem preparação prévia e participam de reuniões semanais com o objetivo de discutir e aprimorar a evolução dos alunos.
O curso é dividido em três níveis, no primeiro, o aluno tem o contato com a água e aprende a flutuar, no segundo, aprende técnicas de nado, e no terceiro, único em que é possível permanecer, faz condicionamento físico. Ele sai pronto para procurar clubes em que seja desenvolvida a parte competitiva, o que não é o foco do projeto.
O movimento, como parte natural de um ser humano, é uma forma de ajudar a trilhar caminhos para auxiliar o desenvolvimento dessas pessoas. “Se é importante para a qualidade de vida de qualquer pessoa, para eles, além disso, é um caminho para a reabilitação”, afirmou a coordenadora do projeto, Elisabeth de Mattos.
Há três grandes áreas de deficiência: intelectual, física e sensorial (visual e auditiva). Dependendo do tipo que um indivíduo deficiente sofre, o movimento está mais ou menos prejudicado, mas o processamento de informações é debilitado em qualquer uma das três, pela perda sensorial, cognitiva ou motora. Portanto, os portadores de qualquer tipo de deficiência podem participar dessa atividade e obter resultados positivos.
A prática esportiva faz o deficiente ser parte de um grupo. Ao mesmo tempo em que há o benefício para a saúde, o lúdico também está presente. Segundo a professora, “há algum prazer a mais do que fazer movimentos como se fosse uma fisioterapia.” Elisabeth ainda explica que “o próprio exercício, que às vezes é o mesmo, com a finalidade esportiva, pode ter um toque emocional para o praticante”.
O principal resultado é o reconhecimento das oportunidades que os participantes têm na natação. No terceiro momento, é permitido que os acompanhantes participem das aulas. A atividade se torna um período se socialização da família, com a promoção de um relacionamento familiar melhor e o sentimento de inclusão na sociedade. As mudanças comuns às outras pessoas também são observadas, como melhoras das partes motora, cardiovascular e postural.
Nesse ano, não foram abertas novas turmas devido à reforma das piscinas. Entretanto o grupo continuou desenvolvendo atividades no solo com os alunos reincidentes. Estão sendo observados os efeitos que a transição de ambientes pode causar nos deficientes.
Evolução e pesquisa
O curso surgiu em apoio à tese de doutorado da professora Elisabeth de Mattos, que trabalhava com o Clube dos Paraplégicos de São Paulo e os trouxe para a USP para aumentar a carga de treinamento dos voluntários. A comunidade ficou sabendo da prática e começou a procurar o curso, que, tempos depois, foi aberto com intenção de servir a esse público.
O Grupo de Estudos em Esporte para Pessoas Portadoras de Deficiência surge com a intenção de estudar resultados obtidos no curso, até que se torna independente do projeto de extensão. Os estudos são baseados não só na evolução dos alunos da natação inclusiva, mas também sobre tudo que envolva deficiência e esporte.
As pesquisas buscam identificar o que se pode fazer de atividades em conjunto com pessoas sem deficiência — como a inclusão reversa — quais são os benefícios, dificuldades, particularidades em termos de instrução e as necessidades desse público.
O grupo também está investindo em um projeto de bocha para deficientes. Para aqueles indivíduos que possuem grande comprometimento do movimento e precisam de atendimento individualizado, está sendo feita a instrução dessa modalidade adaptada para paralisados cerebrais. Dentro das análises já realizadas e resultados já observados, é possível notar melhora de postura nos praticantes.