O controle da brucelose bovina, conhecida usualmente como febre de malta, pode gerar benefícios econômicos. Foi a conclusão da pesquisa realizada por Ana Julia Silva e Alves na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), que utilizou dados dos estados de São Paulo e Mato Grosso.

A brucelose bovina é causada pela bactéria Brucella abortus e atinge principalmente os bovinos, geralmente causando o aborto nos animais. Além disso, a doença tem caráter zoonótico, ou seja, pode afetar o homem caso ocorra a ingestão de um alimento contaminado ou contato com secreções e excreções do animal. Segundo Ana Julia, “nos aspectos econômicos, a brucelose causa muitos prejuízos para o produtor seja por meio dos abortos, perda de animais ou custos com a vacina, por exemplo.”

Economia com foco em saúde animal é um tema ainda pouco desenvolvido nas faculdades de medicina veterinária no país. “É preciso considerar que toda a doença além de causar danos para a população, tem consequências financeiras grandes. A análise econômica é uma ferramenta para utilizar de forma correta os recursos nas melhores estratégias de intervenção, sem que haja prejuízo.”, conta.

Custo-benefício no controle da doença

Para a pesquisa, foram escolhidos os estados de São Paulo e Mato Grosso uma vez que ambos são grandes produtores de carne e leite. Além disso, após uma parceria realizada entre a USP e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi constatado que São Paulo tem a menor prevalência da brucelose bovina e Mato Grosso a maior. “A ideia foi pegar estados com diferente situação sanitária e comparar os resultados”, afirma Ana Julia.

Para calcular os prejuízos e benefícios utilizaram-se critérios econômicos que indicam se a principal medida de prevenir a doença, no caso, a vacinação, vale a pena em termos econômicos. Os cálculos foram realizados de acordo com a dinâmica biológica da brucelose e sua principal estratégia de prevenção.

Vacina gera lucro

Concluiu-se que a vacina, além de ser o método mais eficaz, é também o mais vantajoso economicamente. Para Ana Julia “os valores encontrados foram uma surpresa, principalmente no estado do Mato Grosso, por ter uma prevalência maior da brucelose bovina. A diminuição de casos da doença teve um impacto economicamente muito alto quando analisamos o benefício custo e os outros critérios avaliados.”

Ana Julia conclui que o controle da febre de malta leva a um custo-benefício positivo tanto para o Estado quanto para o produtor, além de diminuir o risco zoonótico para a população. Desta forma, “é necessário incentivar mais ações preventivas tanto para controle quanto para combate a brucelose bovina no Brasil.”