ISSN 2359-5191

22/10/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 85 - Arte e Cultura - Instituto de Estudos Brasileiros
Documentário sobre vida de Aracy de Carvalho conta com apoio do IEB
Filme documentário sobre trajetória em apoio aos judeus durante o nazismo da segunda mulher de Guimarães Rosa
O diretor Caco Ciocler recolheu depoimentos em vários países, incluindo Israel. Foto Divulgação

Primeiro filme dirigido pelo ator Caco Ciocler, o documentário Rosa de Hamburgo ainda em produção pela Cine Group contou com apoio do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP. O Fundo de Aracy de Carvalho, segunda mulher do escritor João Guimarães Rosa, foi consultado pela equipe de pesquisa da produtora, além de servir como cenário para algumas das filmagens.

Segundo informações da Cine Group, o filme busca investigar a pessoa por entre os arquivos. Dos 102 anos de Aracy, 80 foram registrados em diários, cartas e cartões postais alguns dos quais podem ser encontrados no IEB e estão disponíveis para consulta.

A ideia inicial de Caco era dirigir um filme de ficção, mas com o apoio da diretora de conteúdo da produtora, Alessandra Paiva, se convenceu a entrar neste projeto de documentário. A pesquisa sobre a vida de Aracy durou três anos. Segundo informações da assessoria, Rosa de Hamburgo foi filmado em Israel, Austrália, Alemanha, e ainda terá partes gravadas no Brasil.

Aracy Rosa enganou Hitler e Vargas ao aproveitar sua condição de brasileira na Alemanha para ajudar judeus a fugirem ilegalmente para o Brasil durante o nazismo. Esta passagem de sua vida a tornou conhecida como Anjo de Hamburgo. Nos anos 60, durante a ditadura militar, foi quando começou sua relação com o escritor Guimarães Rosa. Mesmo sendo uma figura presente entre os maiores acontecimentos do século 20, pouco se sabe sobre ela mas com o apoio do IEB, esta história sobrevive para ser contada.

Elisabete Ribas, chefe de Arquivo do IEB, conta que o Fundo Aracy de Carvalho já havia despertado o interesse de alguns pesquisadores, como a historiadora Mônica Schpun. A autora se debruçou sobre as cartas e documentos de Aracy durante a produção de seu livro Justa, um estudo sobre o fluxo de imigração dos judeus ao Brasil. A Justa do título é a própria Aracy, figura central de sua pesquisa.

"Aconteceu agora com a Cine Group, também. Veio uma pesquisadora, a Alessandra (Paiva), que ficou um tempo no Arquivo", conta Elisabete. "Ela se interessou por saber a história da Aracy. Fez alguns levantamentos e quando captaram os recursos para fazer o documentário, vieram filmar aqui". A participação do Arquivo IEB nas gravações não é muito comum, mas esta foi uma escolha do próprio diretor. De olhos e ouvidos abertos, segundo Elisabete, Caco se impressionou em como a história de Aracy marcou a vida da própria chefe de Arquivo e resolveu recontá-la nas telas. "Conheci meu marido aqui porque ele veio organizar o Fundo da 'Dona Aracy'. Ela é uma de nossas madrinhas e ele quis colocar isso no filme".

Nas telas

O IEB oferece apoio documental aos pesquisadores e também aos diretores de filmes profissionais ou experimentais. Após os levantamentos das pesquisas, os funcionários do Arquivo estão dispostos a responder às dúvidas que podem surgir. "Como a gente tem a sorte de ter uma equipe super especializada, os próprios estagiários ajudam e orientam", diz Elisabete.

Além do documentário da vida de Aracy, outros documentários usaram o material do IEB. É o caso do O Outro Sertão de Adriana Jacobsen e Soraia Vilela – o documentário conta sobre a estadia de João Guimarães Rosa na Alemanha nazista, que na época era vice-cônsul em Hamburgo. Há uma previsão de uma exibição especial do documentário para o IEB e aberta ao público, mas não há confirmação de data.

Outro documentário, selecionado pelo festival É Tudo Verdade em 2013, O Universo de Graciliano, do diretor Sylvio Back se apoiou também nos documentos do autor guardados em seu Fundo. Mas não é só no cinema que o IEB está presente. Durante as gravações da minissérie para televisão Um Só Coração, que contava a história da cidade de São Paulo entre as décadas de 20 e 30, o ator Pascoal da Conceição se apoiou nos documentos e coleções do Mário de Andrade uma das maiores do Instituto para ajudá-lo na construção de sua personagem.


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