ISSN 2359-5191

25/10/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 87 - Saúde - Instituto de Pesquisas Energéticas
Pesquisas apontam que tecidos irradiados são melhores para transplante
Foto cedida pela Dr. Maria R. Herson

A doação de tecidos como pele, osso e membrana amniótica, enfrenta algumas dificuldades. O número de doadores é pequeno e por isso os tecidos doados precisam ser aproveitados ao máximo. A esterilização utilizando radiação ionizante aumenta o aproveitamento e a segurança do transplante.

Ossos e pele podem ser doados em casos de morte cerebral ou cardíaca, no caso da doação de órgãos, só existe possibilidade de doação quando a morte é cerebral. O transplante de tecidos é diferente do transplante de órgãos porque os órgãos precisam estar em funcionamento enquanto os tecidos, não. O transplante de pele, por exemplo, é feito quando as células do tecido estão mortas. Conforme a ferida for se recuperando, o tecido transplantado não é incorporado ao corpo de quem recebe.  A pele doada protegerá a pele danificada e o tecido alógeno será substituído pelo tecido novo do próprio doador.

É necessário que o banco de tecidos faça a triagem e peça a autorização da família. Antes de ser aprovada para o transplante, a parte a ser doada ainda é submetida a um exame que detecta a presença de bactérias ou vírus. Caso haja alguma contaminação, este tecido seria descartado.

Com a irradiação, tecidos que apresentem contaminação serão esterilizados e poderão ser transplantados. A irradiação também é indicada para tecidos que não apresentem bactérias ou vírus no processo de triagem. Segundo a professora Monica Mathor, o exame microbiótico não garante que o tecido realmente não tenha nenhuma contaminação e portanto é mais seguro que todos os tecidos sejam irradiados.

A radiação atua causando a morte das bactérias presentes nos tecidos. A radiação não prejudica matriz da pele ou dos ossos tratados. As células do tecido também morreriam com a radiação, mas elas já estão mortas antes disso e assim devem estar. Caso o tecido tivesse células vivas, ele seria rejeitado pelo organismo do receptor.

O processo pode ser feito com o Irradiador Multipropósitos de Cobalto-60 ou com o Acelerador de Elétrons. O irradiador usa o cobalto como material que emite radiação gama, causando morte dos vírus e bactérias. Já a radiação do acelerador é proveniente de energia elétrica. A radiação de ambos os aparelhos não contamina o tecido, mas pode causar alteração no material.

Mathor conta que comparando o transplante feito com pele normal e pele irradiada, a segunda opção apresentou efeitos positivos. “O fato de ter irradiado alterou sim a rede de colágeno desta pele, mas alterou no sentido de promover a melhor adesão da derme no leito do ferido, favorecendo o processo de cicatrização”.

Atualmente usa-se o Irradiador de Cobalto para esterilizar tecidos para transplante. O acelerador é usado para fins de pesquisa. Como o Irradiador de Cobalto tem uma taxa de dose menor que o acelerador  quanto de radiação vai ser emitido por minuto ou por segundo  a dose aplicada no tecido é mais controlada, o que garante que só ocorrerão as alterações desejadas.  Como o acelerador irradia mais rapidamente, pode causar mudanças intensificadas no tecido.  

Um dos problemas da doação é que os familiares não têm informações o suficiente sobre como é feito o processo. Há um receio de que o corpo fique desfigurado caso a família autoriza doação de pele ou de ossos, por exemplo. No entanto, o cadáver é totalmente preservado. O osso doado é substituído por uma prótese e a pele só é retirada de áreas que não serão visíveis durante o velório, por exemplo.

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