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29/10/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 88 - Educação - Faculdade de Saúde Pública
Especialista portuguesa debate educação alimentar na rotina escolar de crianças
Crescimento da obesidade em todo mundo exige providências
Consumo de alimentos industrializados e gordurosos contribui para o problema. Fonte: Wikimedia Commons

Na última segunda-feira (21), a Faculdade de Saúde Pública (FSP) recebeu Maria das Neves Alves, presidente da Associação Transdisciplinar, para debater formas de inserir a educação alimentar na rotina escolar de crianças pequenas. A entidade não possui fins lucrativos e propõe métodos pedagógicos para professores trabalharem com os temas educação alimentar e prevenção de câncer de pele com as crianças em idade pré-escolar e dos primeiros anos do Ciclo Básico.  

Maria apresentou na palestra Educação Alimentar para o Desenvolvimento Sustentável as experiências obtidas com a aplicação dos métodos em Portugal. No Brasil, o projeto ainda está em fase de divulgação.

"A obesidade é um problema de saúde pública mundial, que só vem crescendo. Percebemos que é urgente agir em relação a esse problema", disse Maria. Dados do Ministério da Saúde de Portugal apontam que 30% das crianças do país estão com excesso de peso. Isso acontece, segundo Maria, por causa da pouca prática de atividade física, da industrialização de alimentos, que acabam recebendo altas doses de açúcar e conservantes no processo e da publicidade, que valoriza alimentos ricos em açúcar e gorduras e não dão atenção para as frutas e verduras.

A obesidade tem sérias consequências para a saúde como doenças cardiovaculares e diabetes. Mas existe também a estigmatização da criança que está obesa, que leva ao isolamento social. Esses motivos levaram a Associação a traduzir do francês o guia Alimentar-me, Movimentar-me pela Minha Saúde e adaptá-lo para que os professores portugueses possam trabalhar com seus alunos noções de alimentação saudável e a importância da atividade física na prevenção da obesidade. Ele foi validado pelo Ministério da Educação de Portugal.

O guia é composto por 12 sessões, que tem duração de 6 semanas. Essas sessões trazem propostas de atividades para o professor desenvolver com as crianças, em sala de aula. Além das atividades práticas, o guia é acompanhado por uma sessão de esclarecimentos científicos. "Os professores da rede básica não tem formação em Nutrição, então essa sessão traz noções de nutrição e de educação física, para que possam trabalhar com autonomia", esclarece Maria.

As atividades práticas procuram fixar na criança a importância de se movimentar e de se alimentar de forma correta. Existe, por exemplo, uma experiência em que as crianças descobrem em quais alimentos a gordura se esconde. Para isso eles esfregam em uma folha de papel pedaços de cenoura e de batata frita. Depois que o papel seca, a mancha de gordura proveniente da batata frita permanece e as crianças aprendem que a gordura está presente em diversos alimentos. "Nós procuramos criar na criança uma curiosidade científica. Partimos sempre de uma pergunta, pedimos para que elas elaborem hipóteses e registrem os resultados", afirma Maria.

Ao final das 12 sessões, o aluno se torna ator de prevenção: ele é convidado a redigir um livro de receitas e a elaborar um poster com alimentos saudáveis. "Se passamos a palavra ao aluno, ao final da atividade é porque depositamos confiança nele. Ele está no centro do processo de aprendizagem", disse Maria.

A avaliação da aprendizagem é feita pelos professores. Eles analisam os registros de experiências dos alunos e aplicam questionários. Os resultados são reunidos em um relatório e ficam disponíveis para os professores associados consultarem.

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