ISSN 2359-5191

30/10/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 89 - Economia e Política - Instituto de Relações Internacionais
Pesquisador aponta tendência de contestação na politização de instituições internacionais
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As instituições internacionais, que sempre se relacionaram à política com a tomada de decisões de forma coletiva, têm apresentado tendência crescente em se politizar com um novo caráter. “O que é novo é que elas têm sido contestadas e debatidas. É a esse sentido de política que me refiro”, afirma Michael Zürn, professor da universidade Freie, na Alemanha, e diretor da unidade de pesquisa Transnational Conflicts and International Institutions no Social Science Research Center, em Berlim. Isso ocorre devido ao crescimento da autoridade internacional, que amplia os debates sobre legitimidade destas.

Zürn discutiu a questão da politização de instituições internacionais no seminário Autoridade Política Internacional e Politização no Instituto de Relações Internacionais (IRI/USP). Para ele, o que também tem se alterado é que esses novos grupos opositores têm buscado as próprias instituições para tentar influenciar as decisões políticas como querem que ocorram.

Segundo o pesquisador, são visíveis três principais evidências para a tendência da politização. A primeira é que os indivíduos apresentam, em geral, boa impressão das instituições internacionais. Segundo pesquisas de opinião, elas são vistas como relativamente importantes e com bons valores.

A segunda evidência seria o aumento das organizações não governamentais (ONGs), dos movimentos de protesto e dos movimentos dos países emergente. Tais organizações participam de conferências e processos de tomadas de decisão internacionais e tentam influenciá-las. “Um terço delas tenta influenciar negociações internacionais; um terço exerce certa forma de monitoramento das instituições internacionais; e um terço organiza protestos”.

A terceira evidência baseia-se em dados sobre a mobilização de grupos de interesse e sobre a relevância e a extensão com que debates sobre a Organização das Nações Unidas (ONU) são cobertos. Segundo estes, o interesse nesses tipos de tópicos está em permanente subida.

Vê-se que a politização ocorre em três dimensões: conscientização, mobilização e contestação.

As possíveis explicações

Dentre as teorias da literatura científica, a tendência é apresentar três possíveis explicações.

A primeira seria a nomeada visão de retrocesso ou de reação nacional, segundo a qual a crescente força de certas instituições internacionais teria causado reações nacionais, como o crescimento de partidos populistas no Leste Europeu.

A segunda possível explicação é algo chamado de perspectiva antineoliberal ou antidominância ocidental, segundo a qual grupos estariam se opondo a essa hegemonia nas instituições internacionais.

A terceira seria a perspectiva de capacidade. Esta considera a sociedade atual com maior capacidade e conhecimento para analisar as instituições internacionais com e maior abertura, o que abriria espaço para a politização.

No entanto, por diferentes motivos, Zürn acredita que essas três principais explicações contribuem para a explicação de fato, mas não dão conta de toda a questão.

Sua hipótese é a de que a politização das instituições internacionais ocorre com a produção de autoridade destas. Nelas, há mecanismos de tomada de decisão que ferem, de maneira não visível, o tradicional princípio de consenso da política internacional, o que dá margem a possíveis abusos e requere discussões sobre a legitimidade e monitoramento.

“Instituições internacionais são sempre politizadas porque há aumento da autoridade internacional, e isso cria debates sobre legitimidade – debates estratégicos ou éticos – que colocam essas instituições na visão do público”, afirma Zürn.

Além disso, esperam-se diferentes formas de politização dependendo da forma de autoridade exercida; e diferenças de acordo com as áreas das questões que são discutidas. 

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