São Paulo (AUN - USP) - Mudanças bruscas nas condições climáticas aumentam o risco de ocorrência de infarto. Essa é a conclusão da pesquisa realizada pelos cardiologistas Rodolfo Sharovski (Hospital Universitário da USP) e Luiz Antônio Machado César (InCor). Após relacionar o número de mortes decorrentes de acidentes cardiovasculares com a temperatura diária, percebeu-se que tanto os dias frios quanto os excessivamente quentes são propícios para a ocorrência de infartos, especialmente em idosos.

Para realizar a pesquisa, os pesquisadores basearam-se em dados da Secretaria Municipal de Saúde, referentes às mortes por infarto num período de dois anos (1996 a 1998). Analisaram, então, a relação do número diário de mortes com informações sobre temperatura, pressão, umidade relativa do ar e poluição atmosférica da cidade de São Paulo. Segundo Sharovski, “pesquisas desse tipo não tinham sido realizadas ainda em regiões como São Paulo, mas esse assunto é bastante analisado em lugares como os Estados Unidos”.

Os cardiologistas notaram que a faixa de temperatura com menor índice de mortes por infarto é a que vai de 21,6ºC a 22,6ºC. À medida que a temperatura se afasta dessa faixa, o risco de acidente cardiovascular aumenta. Outro fator que acarreta numa maior propensão ao infarto é a mudança brusca de temperatura, que faz com que o corpo reaja mais intensamente para se adaptar às novas condições climáticas.

Nos dias frios, algumas alterações na forma de funcionamento do organismo aumentam as mortes por infarto. Entre essas alterações está o aumento da pressão sanguínea e da capacidade de coagulação do sangue. “Isso tudo faz com que o coração trabalhe sobrecarregado e aumenta as chances de entupimento das artérias”, explica Sharovski. Quanto aos dias quentes, Sharovski declara: “Os mecanismos que levam ao infarto no calor ainda não estão muito bem esclarecidos, mas o aumento da temperatura tem grande influência”.