ISSN 2359-5191

01/04/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 01 - Sociedade - Faculdade de Medicina
Caminho de Volta da USP auxilia na busca de desaparecidos

São Paulo (AUN - USP) - Cerca de 40 mil crianças e adolescentes desaparecem de seus lares a cada ano no Brasil, oito mil apenas no Estado de São Paulo. É um número preocupante visto que em 15% das ocorrências as crianças permanecem desaparecidas por longos períodos. Surge daí a importância do projeto Caminho de Volta. Desenvolvido pela Faculdade de Medicina da USP-FMUSP, ele fornece suporte à Polícia Civil e apoio psicológico aos familiares das vítimas.

O Centro de Ciências Forenses (Cencifor) do Departamento de Medicina Legal da faculdade foi quem implantou o projeto em setembro de 2004. Em parceria com a Secretaria de Segurança Pública, foi criado um Banco de DNA para cruzar as informações genéticas dos parentes e dos suspeitos de serem desaparecidos através de um moderno processo de seqüenciamento automático.

Quando recorrem à Delegacia de Pessoas Desaparecidas, as famílias passam por uma entrevista com os investigadores de polícia para obtenção de informações a respeito do desaparecimento. Em seguida, são encaminhadas a um psicólogo que explica as diretrizes do projeto. Se os familiares desejarem participar, assinam um Termo de Consentimento Pós Esclarecido e seguem para a coleta do material biológico (uma gota de sangue e saliva) na própria FMUSP.

A faculdade realiza cerca de 2.000 genotipagens semanais. Segundo Cláudia Figaro Garcia, coordenadora do eixo psicológico do projeto, esta é a maneira mais segura e eficaz de identificação principalmente nos casos em que o desaparecimento aconteceu há muito tempo e a criança já envelheceu.

Estrutura familiar

A negligência, a violência doméstica, o abuso sexual intrafamiliar e a contravenção penal facilitam a ocorrência de fugas de crianças, seqüestros e raptos. Além de auxiliar na identificação das vítimas e dar apoio psicológico às famílias durante o processo de busca, o projeto preocupa-se em levantar informações sobre a estrutura familiar e as circunstâncias do desaparecimento para identificar as causas do problema e dar apoio às crianças na reintegração familiar.

Com esse mesmo intuito, a Secretaria Especial de Direitos Humanos, órgão do governo federal, assinou um convênio com a FMUSP em dezembro do ano passado. A previsão é de um repasse de verba no valor de R$ 180 mil para elaborar um estudo causal do problema.

Desde o seu lançamento, o Projeto Caminho de Volta conta com 70 famílias cadastradas. É um número pequeno se comparado com os casos existentes. Também o fato de não ser amplamente divulgado dificulta a sua extensão. “Precisamos atingir a demanda reprimida para podermos viabilizar o cruzamento de dados”, afirma a geneticista e chefe do Departamento de Medicina Legal da USP, professora Gilka Gattás.

Os organizadores querem expandir o atendimento para o interior de São Paulo e outros Estados. Criar um banco de dados nacional é muito importante, pois muitas crianças são levadas de um Estado para outro. Quanto maior a abrangência do projeto, torna-se mais fácil localizar a criança, o que justifica o empenho para a expansão do projeto.

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