ISSN 2359-5191

01/11/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 91 - Arte e Cultura - Escola Politécnica
Poli debate as peculiaridades das indústrias criativas
O scrum é um método de organização de empresas criativas que consiste na comunicação e definição de metas (Foto: OneSpring LLC)

As indústrias produtoras de conteúdo criativo tornam-se cada vez mais relevantes no cenário atual. Áreas como a de jogos eletrônicos se converteram em bases para pesquisas e seu processo de produção reflete relações sociais, econômicas e de poder. Esse tema foi trazido à luz pelo pesquisador da Universidade de Brighton, Jonathan Sapsed, em painel realizado no Departamento de Engenharia de Produção (PRO) da Escola Politécnica da USP. Nele, Sapsed comentou sobre os processos de criação criativa e como produtos culturais podem se relacionar com o ecossistema ao seu redor.

As indústrias criativas, assim como qualquer sistema de produção, são baseadas em redes. De acordo com o pesquisador, quanto mais longe se está do centro dessas redes, mais inovadoras e criativas serão as ideias geradas. Com isso em mente, há propostas sobre como lidar com esse cenário. Primeiramente, a indústria como um todo deveria ligar centro à periferia: os criadores centrais precisam de novas ideias, mais normalmente encontradas nas periferias das redes. Essa união, somada à capacidade multiplicadora da internet, pode fazer com que a cultura de um local emergente seja distribuída mundialmente. Consequentemente, as identidades simbólicas dos locais são fortalecidas, o que atrai talentos e amplia o mercado do turismo.

Essa atração de diferentes pessoas têm, como resultado, um acréscimo no valor criativo dos lugares. "Para se ter criatividade e inovação, é necessária a diversidade", afirma Sapsed. "Não se pode ter pessoas pensando na mesma forma e reproduzindo os mesmo ideais. Precisa-se de negros, asiáticos, homossexuais. Se uma cidade é tolerante, ela mostra-se aberta a novas ideias".

Sobre o processo criativo em si, Sapsed expôs resultados de estudos com grupos de pensamento inventivo. O trabalho de criação é afetado conforme a pressão em cima da equipe desenvolvedora. Até certo ponto, a pressão melhora a criatividade das pessoas. "A criatividade não melhora através da autonomia", afirma. "Porém, muita pressão causa pânico e fragmenta as ideias. Ninguém consegue ser criativo nessa situação". Além disso, segundo o professor, atividades rotineiras, ao mesmo tempo que estreitam o pensamento, permitem que o cérebro entre em um estado de processamento cognitivo inconsciente, o que auxilia na criatividade.

O conceito de indústrias criativas surgiu no fim dos anos 90 e, de acordo com o pesquisador, abrange todos os setores. Os campos da indústria cultural — como cinema, música, artes plásticas, artes cênicas e vídeo games — estão intrinsecamente ligados a campos mais técnicos — como hardware, software e robótica. Porém, estes não deixam de ser frutos de um processo criativo. Indústrias criativas "possuem sua origem na criatividade individual e no talento, que são explorados através de propriedade intelectual".

Investimentos em produção criativa no Brasil são baixos. Isso se deve à prioridade governamental em se investir em áreas que não são bancadas pelo capital individual. Caso contrário, o governo não intervém. Além disso, o Brasil é um país mais focado em manufaturas. "[O Reino Unido] perdeu manufaturas. Nós não podemos competir com países como Brasil, Rússia, Índia e China", diz o pesquisador. O modo de compensar essa falta de competitividade é investir em outras áreas, como na criativa.

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