Uma pesquisa, desenvolvida na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, explica como uma série de exercícios resistidos (exercícios de musculação) provoca hipotensão, ou seja, diminui a pressão arterial em hipertensos. O trabalho é tese de doutorado de Andreia Cristiane Carrenho Queiroz e foi intitulado Hipotensão pós-exercício resistido em homens hipertensos: influência do uso de captopril.
A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, como a doença coronariana, a insuficiência cardíaca e o acidente vascular encefálico. Na maioria dos casos (cerca de 90%) a hipertensão arterial não tem um fator causal identificado, e ocorre por uma interação entre fatores genéticos e ambientais (alimentação inadequada, tabagismo, sedentarismo, entre outros).
Durante a pesquisa, uma única sessão de exercícios resistidos reduziu a pressão arterial clínica em normotensos e em hipertensos não medicados e medicados com captopril — usado para controle da pressão arterial. Porém, este efeito não perdurou durante as atividades da vida diária.
Ao comparar as respostas dos hipertensos não medicados com os normotensos, os hipertensos apresentaram maior redução da pressão arterial diastólica pós-exercício, mas todas as outras variáveis apresentaram resultados semelhantes. As respostas após os movimentos resistidos não foram influenciadas pelo uso do captopril.
Segundo a pesquisadora, “o exercício físico, principalmente o exercício aeróbico, reduz a pressão arterial de forma aguda (logo após uma única sessão de exercício) e de forma crônica (após um período de treinamento físico)”. Estas adaptações estão relacionadas ao efeito da prática esportiva sobre o sistema cardiovascular e autônomo, como a redução da rigidez arterial, aumento da densidade dos capilares sanguíneos, redução da atividade nervosa e redução da frequência cardíaca de repouso.
Riscos e benefícios
A união do tratamento medicamentoso com a prática de exercício físico promove benefícios para o paciente hipertenso. Um indivíduo medicado apresenta menor aumento de pressão arterial durante o exercício físico aeróbio (aquele que usa oxigênio no processo de geração de energia dos músculos) e resistido. Além disso, o paciente também desenvolve os efeitos benéficos da prática esportiva, como redução da pressão arterial após uma única sessão e após um período de treinamento. Ao longo prazo, concomitante com outras mudanças de estilo de vida, um paciente hipertenso pode reduzir a dose ou o número de medicamentos utilizados.
Sabe-se que picos de pressão podem romper aneurismas pré-existentes e que os indivíduos hipertensos têm maior chance de ter aneurismas cerebrais. Durante a prática de exercício físico a pressão arterial aumenta. Existem movimentos mais indicados para o paciente hipertenso, como a atividade aeróbica de intensidade leve a moderada que envolva grandes grupamentos musculares, os exercícios resistidos realizados de forma dinâmica, com intensidade leve a moderada, que não sejam realizados até a fadiga e respeitando um descanso de pelo menos 1-2 minutos entre cada série de exercício.
Além disso, é importante que os indivíduos estejam devidamente medicados. Tomando estas precauções, o aumento de pressão arterial durante o exercício físico será minimizado e, assim, os riscos serão reduzidos.