São Paulo (AUN - USP) - Uma nova pesquisa vem sendo desenvolvida no Hospital Universitário da USP a respeito de pacientes que apresentam depressão após acidente vascular cerebral (AVC). Liderada pelos pesquisadores Leandro Valiengo e André Russowsky Brunoni, e com a participação dos professores Alessandra Goulart, Paulo Lotufo e Isabela Benseñor, o estudo busca pacientes voluntários para a continuidade do novo tratamento.
Em 2010, Brunoni esteve à frente de estudos sobre neuromodulação, uso de aparelhos que causam leves descargas elétricas indolores sobre a região da aplicação. Trata-se de uma forma de modificar a atividade do sistema nervoso central chamada estimulação elétrica transcraniana. O estudo foi dedicado à depressão simples e utilizou como base a ETCC (Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua). O procedimento de pesquisa contou com presença e ausência de medicamentos, placebo e sham (procedimento simulado, assim como o uso do placebo). Os resultados do tratamento foram promissores. Este primeiro estudo, bem como o atual, contam com o importante apoio da Fapesp.
Seguindo a mesma linha de pesquisa, o grupo de médicos clínicos e psiquiatras apostam no tratamento, dessa vez para pacientes com depressão pós-AVC. Para dar continuidade ao estudo, a equipe busca por voluntários da comunidade USP e de qualquer região. Segundo Valiengo, as estatísticas mostram que pessoas sem histórico de AVC apresentam 10% a 15% de casos de depressão. Já pacientes que sofreram AVC o número chega de 20% a 50% em até um ano após o acidente. A depressão é um dos principais fatores associados à mortalidade desse grupo, porém tem cura e seu tratamento pode trazer de volta a qualidade de vida das pessoas atingidas.
A pesquisa tem como objetivo estudar a eficiência do procedimento ETCC no tratamento da depressão e pretende contar com 48 pacientes de ambos os sexos e qualquer idade. O pré-requisito é ter apresentado quadro depressivo após sofrer o acidente vascular. O procedimento contará com a estimulação transcraniana de forma não invasiva, sendo que os eletrodos são colocados em contato apenas com a pele. Seus efeitos colaterais são mínimos: um pequeno formigamento na pele e vermelhidão, apresentados por poucos minutos.
Os voluntários serão divididos em dois grupos, os quais serão submetidos ao tratamento ativo, com estimulação continua, ou ao procedimento sham, de forma simulada. No entanto, nem médicos, nem pacientes saberão as divisões do grupos, para que não haja influência nos resultados. Após a coleta de diversos aspectos, todos os voluntários de ambos os grupos serão submetidos ao tratamento completo.
Para Leandro, sintomas psiquiátricos pós AVC são pouco estudados. A depressão é reversível, diferente de muitas outras sequelas como problemas motores ou de linguagem. Aos pacientes que queiram participar, a equipe oferece o contato para mais informações: pesquisaavchu@gmail.com, por meio do próprio Hospital Universitário da USP ou através do site www.etcc.com.br/pesquisa.