Um novo reator nuclear está previsto para entrar em funcionamento no Brasil em aproximadamente cinco anos. Trata-se do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), na cidade de Iperó. Uma de suas finalidades é dar início à produção brasileira de molibdênio-99 (Mo-99), elemento radioativo muito importante na medicina diagnóstica.
O Mo-99 surge a partir da fissão nuclear do urânio. Sua importância para a medicina está no fato de que o decaimento do molibdênio-99 dá origem ao tecnécio-99m, elemento radioativo que por meio da emissão gama possibilita a obtenção de imagens de diversos órgãos em exames diagnósticos.
Atualmente o Brasil importa o Mo-99 de países como África do Sul e Argentina - fornecedora de parte da tecnologia utilizada na construção do reator brasileiro. Porém, a dependência da importação é um grande risco à medicina diagnóstica. “Em 2009, alguns dos reatores que participam da produção entraram em manutenção, causando uma escassez do elemento no mercado internacional”, afirma Rafael Garcia, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
Segundo Garcia, a decisão brasileira de construir um novo reator foi estratégica, já que o país possui experiência na produção de geradores de tecnécio-99m a partir do Mo-99. Além de uma disponibilidade maior, a partir do momento que o Brasil começar sua produção, ela terá efeitos econômicos também, uma vez que um grama de Mo-99 pode custar cerca de 30 milhões de dólares e tem uma de meia vida (período no qual metade do material se desintegra) de apenas 66 horas.
Funcionamento de um reator
Garcia explica que quando um átomo de urânio é fissionado (“quebrado”) por um nêutron, ele dá origem a outros nêutrons, que atingem outros átomos de urânio, gerando uma reação em cadeia. “É uma reação que libera uma grande quantidade de energia, como uma bomba”. A diferença é que em reatores nucleares a maior parte dos nêutrons liberados na fissão são absorvidos por materiais específicos para esse fim. “Assim é possível controlar a criticalidade do reator”, explica.