A indústria farmacêutica tem uma aposta para os remédios do futuro: são os biomedicamentos. E um evento que acontecerá na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP irá abordar esse tema de tecnologia de ponta com especialistas na área. O curso teórico-prático de “Nanotecnologia para inovação da produção de biofármacos” acontecerá entre os dias 16 e 27 de novembro de 2015 e tem inscrições abertas até o dia 2 de outubro.

Algumas indústrias farmacêuticas já investem 40% do seu orçamento em pesquisa e desenvolvimento de biofármacos. O Brasil possui um mercado estimado em R$ 4 bilhões para estes produtos, sendo que de 10% a 15% dos medicamentos disponíveis nas farmácias e drogarias são biológicos, o que é um estímulo para a indústria nacional.

Os biomedicamentos já são considerados “remédios do futuro” e têm maior eficiência e segurança em relação aos fármacos tradicionais de síntese química, especialmente no tratamento de doenças crônicas ou raras, como diabetes, câncer, hemofilia, hepatites A e B, artrites e doenças degenerativas. Além disso, eles reduzem efeitos secundários e potencialmente curam doenças, ao invés de apenas tratar os sintomas.

Um biofármaco é um medicamento obtido a partir de materiais vivos, como vegetais, micro-organismos ou animais. Para obter esses medicamentos complexos e de alto peso molecular, são necessárias tecnologias avançadas, como manipulação e inserção de material genético, alteração de genes e até uso de nanotecnologia para viabilizar a entrega do biofármaco na célula alvo, garantir sua estabilidade no meio biológico e possibilitar sua administração por outras vias além da injetável.

O objetivo do curso, como conta a coordenadora Maria Vitória Lopes Badra Bentley, é “capacitar alunos de pós-graduação para atuarem de forma sistemática na área de nanotecnologia e biofármacos, visando à obtenção de medicamentos biológicos inovadores.”

Além disso, também objetiva a ampliação do conhecimento científico na área, especialmente para superar as dificuldades de escalonamento da produção, entrega dos medicamentos de forma controlada e aumento da estabilidade das moléculas que sofrem rápida degradação. “A nanotecnologia pode auxiliar na transposição desses desafios, através do encapsulamento dos biofármacos em nanocarreadores”, explica a coordenadora.

O curso, que terá carga horária de 80 horas, é gratuito e oferece apenas 13 vagas, sendo 50% delas para alunos brasileiros, 30% para argentinos, 10% para uruguaios e 10% para paraguaios e colombianos. Os selecionados terão todas suas despesas pagas.

Para se candidatar, o aluno precisa ser formado em biologia, farmácia, biotecnologia, química ou engenharia química; apresentar experiência prévia e comprovada em nanotecnologia, biologia molecular, bioquímica e/ou bioprocessos; estar envolvido em equipe cuja temática seja a do curso e apresentar resumo do trabalho científico em desenvolvimento.

O curso é realizado pelo Centro Brasileiro-Argentino de Biotecnologia, pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP, pela Universidad Nacional del Litoral e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sendo que grande parte dos custos serão financiados pelo órgão. O Hemocentro de Ribeirão Preto é colaborador do evento.

A professora Maria Vitória Bentley revela que as expectativas para o curso são muito boas. “A procura por inscrições é grande, a seleção será muito competitiva, o que aumenta as chances de escolha de alunos de alto nível científico na área do curso. Estaremos abordando um tema de grande interesse para a saúde com inovação e alta tecnologia embarcada.”

Link para o site oficial do evento: http://fcfrp.usp.br/cbab-2015