No laboratório do professor Ubiratan Fabres Machado no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), novas tecnologias de combate e controle do diabetes estão sendo desenvolvidas e testadas em modelos experimentais. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 422 milhões de pessoas são diabéticas no mundo (em 2014). Isso significa que uma a cada 11 pessoas possuem quadro diabético. Tendo em vista a gravidade desse problema de saúde pública, os pesquisadores do ICB se dedicam para conhecer e investigar melhor a doença.

Os projetos de pesquisa coordenados pelo professor Ubiratan buscam caracterizar mecanismos que estão envolvidos no controle da quantidade de glicose no sangue dos diabéticos. A partir disso, os estudos tentam propor metodologias de tratamento que possam ampliar o universo das drogas usadas no controle da doença. Ou seja, a equipe de pesquisadores está focada em aprofundar investigações sobre diabetes e coletar possíveis tecnologias inovadoras em seu combate.

Uma observação feita em modelo experimental foi que o estrógeno tem um papel muito importante no controle da glicemia. Esse hormônio controla a expressão dos transportadores de glicose, que são proteínas que ficam na membrana da célula gordurosa e do músculo. Quando essas proteínas se alteram, elas não são capazes de colocar a glicose pra dentro da célula. Sobrando mais glicose no sangue, tem-se um quadro de hiperglicemia. “Já estamos observando detalhadamente como é a atuação do estrógeno. Se for possível interferir nessa ação sem prejudicar as outras funções do hormônio, podemos ter uma medida de controle glicêmico”, comenta o professor Ubiratan.

Um outro dado observado pela equipe foram os efeitos do resveratrol em diabéticos. O resveratrol é um composto encontrado nas frutas vermelhas e uvas e apresenta indícios de atuação no controle glicêmico. Investigando em modelo experimental, os pesquisadores observaram que, de fato, o resveratrol mostra atividade no tecido adiposo e muscular melhorando o controle glicêmico. O professor Ubiratan comenta ainda que o resveratrol não é propriamente uma droga, mas um composto presente em alguns alimentos. A ideia, então, seria utilizá-lo como suplemento alimentar em apoio ao combate a diabetes.

O ICB também desenvolveu alguns estudos em parceria com outras faculdades como a Faculdade de Medicina da USP e a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em estudos clínicos, os pesquisadores constataram, em conjunto, que de fato o exercício físico é uma poderosa arma para combater a diabetes. No entanto, alguns pacientes hiperglicêmicos apresentam dificuldades para realizar movimentos bruscos devido a restrições na aptidão física. A professora Beatriz Schaan, da UFRGS, propõe os exercícios inspiratórios, que ajudam no controle glicêmico e podem ser praticados por qualquer um, até mesmo aqueles que têm a condição física mais restrita. “Esses exercícios inspiratórios são tão eficientes quanto os aeróbicos, como a esteira, por exemplo”, comenta o professor.