ISSN 2359-5191

24/06/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 83 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Odontologia
Prótese termoplástica é alternativa viável à convencional
Pesquisa realizada na Faculdade de Odontologia da USP desmistifica o novo material
As próteses feitas de material termoplástico não apresentam as desvantagens que lhe eram atribuídas | Fonte: cesarmello.com.br

As próteses termoplásticas estão presentes no mercado como uma alternativa à prótese convencional, feita de resina sobre uma estrutura de metal. Pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo se propuseram a analisar a viabilidade da chamada “prótese flexível”, e verificaram que ela não apresenta as desvantagens que lhe são atribuídas e que o seu nome popular é impreciso.

O pesquisador Roberto Stegun conta que, em 2001, uma empresa o procurou para estudar esse tipo de prótese, que já era amplamente comercializada. “Na época, eu era contra [a prótese termoplástica] porque pensava o que se pensa hoje: essa prótese não tem base científica. Eu me vi, como professor e pesquisador da USP, na obrigação de fazer uma avaliação.”

O principal receio em relação ao material termoplástico era que, supostamente, sua flexibilidade aumentaria o atrito entre a prótese e o tecido ósseo do paciente. Isso seria um aspecto negativo, pois o desgaste ósseo dificulta possíveis procedimentos odontológicos futuros implantes, por exemplo.

Esse argumento era utilizado para convencer os pacientes de que a prótese termoplástica só poderia ser utilizada como um método provisório de transição para a convencional. Contudo, após a conclusão dos estudos, os pesquisadores constataram que a perda óssea não ocorre.

A pesquisa averiguou que o apoio que sustenta a prótese, quando em conjunto de corpo, se torna rígido. Isso significa que, apesar de o material termoplástico ser mais flexível que o metal, ele não cede com a pressão – e, consequentemente, não causa perda óssea. “Para ser flexível, a prótese teria que ser muito fina, o que não é o caso. Também, dependendo do desenho da peça, ela pode ser mais ou menos flexível”, afirma Stegun.

Outra preocupação dos profissionais de odontologia em relação ao material é que não se sabia como ela funcionaria durante a mastigação. Esse foi um dos focos da pesquisa: os pacientes recebiam a prótese sem qualquer custo e relatavam sua experiência. Segundo o pesquisador, os resultados foram positivos: “Pacientes que antes não conseguiam comer nada hoje afirmam comer até churrasco”.

A prótese termoplástica (como os pesquisadores afirmam que ela deve ser chamada, e não “prótese flexível”) atrai os pacientes principalmente pelo aspecto estético, já que a convencional deixa à mostra suas partes metálicas. O material termoplástico, por outro lado, tem várias tonalidades, e a prótese pode ser feita da cor da gengiva. Além disso, ela é considerada uma “prótese social”, por seu custo de produção ser menor que o da convencional.

A pesquisa apresentou avanços num contexto em que a prótese termoplástica é comercializada sem padrões de fiscalização. Stegun defende: “A cadeia de produção da prótese fora da Universidade é negligenciada, e quem paga o preço disso é o paciente. Se ela não é feita de uma maneira adequada, acaba gerando uma perda de ossos e dentes que estão apoiados na prótese.”

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