O Complexo Estuarino-Lagunar de Cananéia-Iguape guarda uma importante reserva ambiental e um ecossistema costeiro extremamente produtivo, uma vez que possui um significativo conjunto de características ambientais e culturais, que incluem formações vegetais originais e manguezais, por exemplo. Em pesquisa, a professora Elisabete de Santis Braga, do Instituto Oceanográfico (IO) da USP, verificou uma grande quantidade de fósforo no setor norte do complexo, o que pode prejudicar o ecossistema. Orientada pela professora, a pesquisadora Beatriz Ferraz Scigliano dedicou seu mestrado a estudar a presença do fósforo no ambiente.
A pesquisadora observou os ciclos biogeoquímicos (do meio abiótico para o biótico e vice-versa) do fósforo na região em suas mais variadas formas, considerando o equilíbrio entre as formas dissolvidas e particuladas em cenários sob alto grau de preservação até sob influência do ser humano, com abertura do canal do Valo Grande. Para isso, ela se utilizou de parâmetros hidrológicos, hidroquímicos e sedimentológicos com ênfase no elemento dissolvido na água e acumulado no sedimento.
As amostras foram coletadas em agosto de 2014, no inverno, e em maio de 2015, no outono. No setor norte, ela observou que havia uma grande quantidade de fósforo dissolvido e particulado, o que indicava a influência dos materiais introduzidos pelo canal. Já no setor sul, o acúmulo era menor, indicando maior influência marinha. Beatriz percebeu que o motivo para o acúmulo de fósforo em determinada área da região era a mineração para a produção de fertilizantes que ocorre na cidade de Cajati, em São Paulo. A atividade libera grande quantidade de fósforo inorgânico no rio Ribeira de Iguape, que deságua no Complexo através do canal Valo Grande.
Ela explica que o trabalho dela pode contribuir para a comunidade científica, pois soma ao conhecimento sobre as diferentes formas do fósforo no meio hídrico e como elas se comportam entre si. Ainda, o estudo é importante para prevenir contra esse tipo de ataque ao meio ambiente que pode levar ao excesso de nutrientes na água e o consequente aumento de algas, desequilibrando a cadeia alimentar (eutrofização). “É importante tomarmos medidas para que a entrada de fósforo no ambiente seja diminuída, pois pode levar a eutrofização do ambiente causando a morte da fauna regional.”