Formado em 2011, o Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo (GeoHereditas) insere-se na grande área de identificação e estudo da geoconservação, ou seja, a conservação do meio físico da natureza.
Entre seus principais projetos está o chamado Inventário do Patrimônio Geológico. Esse trabalho acontece em diversos países ao redor do mundo, tendo em vista que, por meio dele, é possível reconhecer locais com importância geológica e merecidos de serem preservados. A produção do documento tem vários objetivos, como conta a geóloga e pesquisadora do núcleo Maria da Glória Motta Garcia: “Uma das nossas grandes questões é voltada ao patrimônio geológico de valor científico. Há lugares sobre os quais muitos estudiosos já se debruçaram para dar origem a teses e dissertações, por exemplo. A ideia de preservar essas áreas serve, além da preservação em si, justamente para que, futuramente, outras pessoas possam apropriar-se delas para fins de estudo”.
Além do valor científico, há determinados locais que possuem elementos geológicos extremamente importantes para algumas culturas. Outros são usados para rituais religiosos, ou ainda destinos turísticos. “Pensemos que o município X possui um local de grande importância reconhecido por nós, pesquisadores”, sugere Garcia, “e que, em grande parte das vezes, ele não conhece ou não sabe como agir em relação a isso. Nosso papel é comunicar às autoridades locais que, quando forem fazer qualquer obra, como um túnel ou linha de metrô, aquele afloramento está lá e precisa ser preservado. Tem que encontrar um jeito de fazer a obra não passar por ele”.
Planície litorânea. Ao fundo, a Serra do Mar. Foto: GeoHereditas
Com a fase inaugural recém concluída, os pesquisadores no núcleo coordenaram o primeiro inventário de todo o Estado de São Paulo, dentro do grande programa internacional da criação de inventários ‒ foi o primeiro dessa natureza na América Latina. Apoiado pelo Ciências Sem Fronteiras, o projeto trouxe ao Brasil José Brilha, geólogo português e responsável pelo inventário do patrimônio geológico em Portugal, para atuar como consultor. Ao término da primeira etapa, o programa brasileiro cadastrou 142 geossítios no estado paulista. “Os dados coletados foram seriados e classificados de acordo com o valor científico e o risco de degradação que o local sofre. Agora, esses dados serão entregues ao Instituto Geológico, que é quem trata da gestão das áreas”, conta a geóloga. Ela ainda adianta: “Temos a intenção de fazer um site interativo do inventário, no qual pesquisadores poderão opinar sobre os resultados obtidos e sugerir novos locais que não foram contemplados inicialmente”.