É analisado sistema de defesa do nosso organismo para tentar controlar o avanço das doenças
As principais doenças fúngicas estudadas no laboratório são: cromoblastomicose, esporotricose, paracoccidioidomicose e a dermatofitose. Fonte: Diário Digital com Lusa
Apesar de serem doenças consideradas comuns, as infecções fúngicas ainda possuem uma grande dificuldade de tratamento. A pesquisa Imunopatologia de infecções fúngicas realizada pelo professor Sandro Rogério de Almeida busca entender como funciona a resposta do organismo humano durante a infecção para encontrar um método mais eficaz de combater a doença.
Geralmente quando o paciente tem uma infecção fúngica, ele deixa o sistema de defesa em alerta para tentar controlar o avanço da doença. “O que a gente faz aqui é tentar entender qual é o tipo de resposta imunológica que o hospedeiro desenvolve contra essas infecções fúngicas e através disso achar maneiras de combater essas doenças”, diz Sandro.
Um dos principais problemas das infecções fúngicas é que o tratamento é difícil e geralmente cronifica, ou seja, dura por um período prolongado. Os pacientes precisam passar por uma terapia por um longo período que, muitas vezes, não é efetivo e os pacientes voltam a desenvolver a doença. Uma maneira de resolver isso seria por meio de vacinas terapêuticas ou profilática, ou seja, desenvolver um método que seja aplicado antes da pessoa se infectar ou durante a doença e juntamente com a terapia que já existe, usar essas técnicas imunológicas para auxiliar no tratamento.
De acordo com o professor, as principais doenças estudadas no laboratório são: cromoblastomicose, esporotricose, paracoccidioidomicose e a dermatofitose. Dentre elas, a que está mais próxima de ter o objetivo alcançado é a esporotricose, uma micose subcutânea que causa lesões profundas na pele. “Identificamos uma proteína que tem uma chance muito grande de ser utilizada como veículo para indução de resposta imune” O professor também explica que atualmente são duas ferramentas: a proteína e um anticorpo que é produzida contra essa proteína. “Esse anticorpo teve efeitos muito bons para tratar a esporotricose experimental”.
Como esse anticorpo foi produzido com células de camundongos não pode ser utilizado em humanos porque o corpo rejeita. No laboratório, esse anticorpo foi humanizado por técnicas de biologia molecular para depois serem utilizados em pacientes.
Atualmente, o Brasil está passando por um surto de esporotricose que começou no Rio de Janeiro e se espalhou por outras cidades. Isso ocorreu porque a doença está sendo transmitida por gatos que desenvolvem a doença e transmitem para o ser humano por meio de arranhaduras. Com essa epidemia foi identificada uma nova espécie de fungo, que deixou a doença diferente do esperado e agora estão em busca de um tratamento mais eficiente, inclusive para os gatos contaminados.
Com exceção da paracoccidioidomicose que pode causar a morte, as infecções fúngicas são debilitantes. O indivíduo, dependendo do grau da doença, não consegue mais trabalhar por dificuldade de locomoção, ou tem problemas sociais porque evita aparecer em público para que as pessoas não vejam as lesões em seu corpo. “Apesar de não levar a óbito, essas doenças têm grande efeito na vida das pessoas e podem debilitar um indivíduo até o resto de sua vida”.
Documentar os casos de infecções fúngicas por ano no Brasil ainda é um problema porque não são todas que são relatadas obrigatoriamente para o Ministério da Saúde. Como consequência, não é possível mapear quantos indivíduos estão com essa doença e os únicos dados encontrados são os divulgados em congressos científicos ou artigos publicados pelos cientistas.
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