ISSN 2359-5191

10/12/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 115 - Educação - Faculdade de Educação
Método educacional indígena não se separa dos interesses comunitários
FOTO: Paulo Pinto/AE

A comunidade indígena Kotiria (Wanano), localizada na fronteira do Brasil com a Colômbia, possui um modelo de educação que tem uma relação estrita com as condições de vida de seus moradores. Para eles, o desenvolvimento educacional dos membros da comunidade interfere nas condições de vida de todos, pois a gestão escolar (escolha de professores e disciplinas. por exemplo) é pensada coletivamente, longe da burocracia exigida pelas secretarias municipais e estaduais de educação.

Para chegar a essa conclusão, a pesquisadora da Faculdade de Educação da USP (FE), Aline Abbonizio, passou dois meses junto às 33 famílias que integram o povo Kotiria e participou ativamente das atividades escolares e comunitárias, prestando assessoria pedagógica que incluíam aulas de informática para alunos do ensino fundamental e médio. O resultado gerou a tese Educação escolar e indígena como inovação educacional: a escola e as aspirações de futuro das comunidades.

Aline partiu da observação que o nexo entre escola e melhoria de vida aparecia com frequência nas pesquisas relacionadas às comunidades indígenas brasileiras. Percebeu, então, que a escola é entendida como um bem comunitário. A alimentação dos alunos, por exemplo, é garantida em partes pelos ensinamentos passados por pais e avós ao longo do processo de cultivo de mandioca em uma roça feita especialmente para este fim. Por contar com o problema de escassez sazonal de alimentos na comunidade, a escola Kotiria se articulou, então, com um instituto público do Amazonas para realizar oficinas de manejo agroflorestal e psicultura que atraiu muitos ex-alunos e pais. A pesquisadora cita este caso para demonstrar o nível de articulação entre as partes estudadas.

Desde 1999, o município São Gabriel da Cachoeira, onde se localiza a maior comunidade Kotiria do país, criou em seu sistema municipal subsistemas indígenas, que deu autonomia para que cada povo criasse seus projetos educacionais, adquirindo, assim, um caráter experimental. “Neste caso, a manutenção da diversidade dentro de um sistema é mais interessante do que a implementação, em larga escala, de uma experimentação educacional considerada exitosa em um contexto específico”, afirma Aline.

Com a pesquisa, pode-se concluir que o sistema educacional indígena é capaz de incorporar elementos positivos do sistema tradicional para se aprimorar. Aline cita a recente formação de professores licenciados pelo sistema universitário, constituindo a primeira geração com esse nível acadêmico. Tal aprimoramento, afirma Aline, quando atrelado à profissionalização em áreas como saúde  produção agrícola, “gera uma expectativa mais geral de que a elevação dos níveis de estudo deve contribuir para melhorar as condições de vida comunitária”.

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