ISSN 2359-5191

12/12/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 117 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Pesquisa desenvolve antibiótico mais solúvel contra tuberculose
Estudo produz rifampicina com tamanho de partículas menor
Estudo promove transformação do formato de antibiótico

Tecnologia contra tuberculose foi desenvolvida em pesquisa realizada em parceria entre a Escola Politécnica e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O estudo possibilitou a obtenção de antibiótico menos tóxico ao uso medicinal. Em tese de doutorado, Juliana de Novais Schianti estudou a produção de micro e nanopartículas em sistemas microfluídicos. A partir de dispositivo microfluídico foi possível reduzir o tamanho das partículas do antibiótico e, assim, aumentar sua dissolução.

A rifampicina é um antibiótico antituberculosoque possui baixa solubilidade. Seu uso medicinal exige altas dosagens, o que provoca efeitos colaterais. A pesquisa desenvolveu a transformação física das partículas a fim de torná-la mais solúvel e, por consequência, diminuir a concentração da dosagem do medicamento hidrofóbico.“A rifampicina tem o fomato cristalino, com faces. No final do processo ela sai com um formato arredondado, o que já melhora o processo de dissolução”, revela a pesquisadora.

O projeto comparou a rifampicina produzida em laboratório com a comercializada e não houve alteração das características químicas da substância. Enquanto a partícula da rifampicina comercializada possui tamanho em torno de 42 micrômetros, a processada em laboratório obteve tamanho de 100 nanômetros a 1 micrômetro. “É uma redução bastante grande no tamanho de partícula”, explicou Juliana. A pesquisa ainda avaliou o antibiótico em parâmetros como morfologia, cristalinidade, características térmicas e taxa de dissolução.

O processo consiste na criação de microcanais em dispositivos microfluídicos que promovam a dissolução em água do antibiótico diluído em metanol. Com a disposição dos micros canais se insere no canal do meio a rifampicina dissolvida em metanol numa certa concentração com bomba de seringa e, nas laterais, água. A ideia é fazer com que o metanol que está na rifampicina se mova para a água, enquanto o antibiótico, num processo de difusão caminhe reatilineamente(imagem 2). Como a reação é extremamente rápida a partícula “acaba não tendo tempo de formar um cristal, ganhando um formato arredondado. A reação que acontece é simples: basicamente a difusão do metanol para a água”.

A transformação física das partículas está diretamente ligada à espessura do microcanal projetado. “Quanto mais fino era o fluxo, menor as partículas. Quanto mais grosso, maior a quantidade de metanol utilizada e mais difícil ficava a difusão. Assim as partículas acabavam aglomerando ou ficando maior, chegando até 1 micrômetro”

De acordo com a pesquisadora, não houve testes biológicos com o antibiótico produzido para testar sua aplicabilidade farmacêutica, visto que não era objetivo do estudo. A contruçãode sistemas mircrofluídicos para a aplicação na produção de micro e nanopartículas era o “carro-chefe da pesquisa”. “Uma das motivações para utilizar esses dispositivos é que as reações acontecem de forma contínua”, ressalta.

Essa tecnologia se estende a outras substâncias. A ideia é trabalhar com outros processos químicos como, por exemplo, a destilação para extração de gás solvente. “Queremos aplicar esses fenômenos da engenharia química dentre desses sistemas microfluídicos. [Eles] têm uma série de vantagens: é um processo contínuo e economiza reagentes.”

A pesquisadora também estudou a construção dos dispositivos microfluídicos de cerâmica e vidro. Os resultados da pesquisa foram divulgados recentemente no Journal of Nanomedicine and Nanotechnologye o processo de produção de nanopartículas por meio de dispositivos microfluídicos de cerâmica rendeu patente a pesquisadora.

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