ISSN 2359-5191

04/05/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 05 - Meio Ambiente - Instituto de Química
Novos processos tentam diminuir o impacto ambiental de resíduos químicos

São Paulo (AUN - USP) - Numa cidade, como São Paulo, em que seus dois principais rios são exemplos dos impactos causados por resíduos químicos, a preocupação com a preservação do ambiente ganha, cada vez mais, importância e visibilidade. Os conceitos de produção limpa estão sendo absorvidos cada vez mais pela industria. É dentro desse panorama que, aos poucos, surgem algumas soluções para o grande problema da produção de rejeitos químicos pela indústria. Uma das soluções para minimizar os impactos dos rejeitos produzidos é a biocatálise e a biodegradação, que utiliza enzimas isoladas ou que façam parte de um microrganismo.

A biocatálise surge como uma forte ferramenta sintética aliada à química ambiental e tem atraído nos últimos anos um grande número de pesquisadores em todo mundo. Essa técnica utiliza, principalmente, enzimas produzidas por microrganismos para catalisar reações na produção de um determinado composto químico. Enquanto que, a biodegradação consiste na degradação de certas substâncias, produzidas em laboratórios e em indústrias, que são nocivas ao meio ambiente. Os resíduos produzidos das reações entre as enzimas e os produtos químicos são biodegradáveis. Os pesquisadores do Laboratório de Química Fina e Biocatálise do Instituto de Química (IQ) da USP desenvolveram vários trabalhos, que estão inseridos nesse campo, geralmente tentando substituir catalisadores metálicos por enzimáticos.

Para se obter as devidas enzimas, que serão utilizadas como catalisadores em reações químicas de interesse comercial, são testados vários tipos de microrganismos (fungos e bactérias) em reações padrão, a fim de se observar sua eficiência catalítica. Depois desses testes, os que tiveram maior êxito são colocados à prova novamente com outros compostos. Todos os dados são resgistrados e é montada uma espécie de biblioteca com as informações coletadas nas triagens, uma novidade no IQ. “Pretende-se, futuramente, criar um programa de computador para armazenar esses dados” diz o professor Leandro Helgueira de Andrade, que possui projetos em biocatálise e biodegradação financiados pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Um dos focos de suas pesquisas em biodegradação é o tratamento de uma mistura residual de solventes que contem hexano e acetato de etila. Essas duas substâncias são muito utilizadas nos laboratórios de química em técnicas de purificação. Leandro desenvolveu um método que degrada o acetato por meio da ação de enzimas isoladas ou presentes no próprio microrganismo, deixando que apenas sobre o hexano, que pode ser utilizado novamente nos laboratórios, processo chamado de Bio-reciclagem. “No passado, as alternativas eram o armazenamento desse resíduo ou sua incineração” explica Leandro. O processo, porém, ainda não está plenamente terminado, pois ainda é necessário estudá-lo em grande escala, falta acertar alguns parâmetros como custo e tempo do processo de Bio-reciclagem.

No momento em que encontrarem a condição ideal para realizar essa reação em maiores escalas os pesquisadores resolverão um grande problema que esse resíduo causa. “Atualmente, os laboratórios de química da USP produzem algo em torno de 1,5 a 2 toneladas da mistura de acetato de etila e hexano, anualmente”, pontua o pesquisador do IQ. Ele ressalta que diversas indústrias químicas e outras universidades também produzem o mesmo tipo de resíduo. “Podemos colocar a disposição destas instituições essa técnica”, completa Leandro.

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