Um projeto liderado pelas pesquisadoras Jutta Gutberlet, da Universidade de Victoria, e Crystal Trembley, da Universidade de Vancouver (UBC), em parceria com a Faculdade de Educação da USP, busca aproximar catadores de lixos a suas comunidades, ao governo, a outros catadores e à sociedade como um todo, por meio da elaboração de vídeos participativos.
Os vídeos, produzidos e dirigidos pelos próprios catadores, mostram a relevância do trabalho destes e a importância da associação destes trabalhadores em cooperativas. “Por meio da metodologia de elaboração do vídeo, os catadores se aproximam um dos outros e das cooperativas, e, consequentemente, passam a ter maior poder de reivindicação frente aos órgãos públicos”, diz Crystal.
“Há também catadores de lixo no Canadá, e lá eles são ainda mais invisíveis. O estigma da sociedade e do governo canadense frente a esses trabalhadores é muito grande”, afirma Jutta. “De toda forma, é uma profissão marginalizada, e muitos têm vergonha de dizer o que fazem. Já cheguei a ouvir um catador dizendo que estava catador, e não que o era”.
Mais do que um vídeo de divulgação, o projeto mostra aos catadores suas próprias capacidades e fortalece a sua tomada de consciência como um sujeito ativo na sociedade, favorecendo a sua inserção e afirmação. “O vídeo mostra a importância da união dessa classe de operários e o poder das cooperativas. Organizados, os trabalhadores não sofrem prejuízos, pois a indústria chega a ganhar duas, três vezes mais em cima dos não-organizados”, conclui Crystal.