Com o intuito de cadastrar, preservar e divulgar os locais com importância geológica no litoral norte de São Paulo, a pesquisa realizada pela professora Maria da Glória Motta Garcia do Instituto de Geociências, propõe realizar um inventário do patrimônio geológico da região. “A função do inventário na verdade é identificar locais com relevância geológica e, a partir destes, definir prioridades para a aplicação de estratégias de geoconservação. A ideia também é incluir dentre as atrações turísticas da região monumentos e feições geológicos, num amplo plano geoturístico”, explicou a pesquisadora.
O projeto será feito em parceria com prefeituras e pretende criar roteiros geoturísticos além de painéis interpretativos para serem colocados em locais estratégicos e sinalização com explicações sobre a história geológica da região. Assim o visitante poderá pegar um roteiro e visitar esses locais a pé ou até mesmo de carro. Segundo a professora, no entanto nem todo geossítio será divulgado ao público, por razões diversas “O inventário foi feitocom base em critérios científicos, então obviamente nem tudo vai ser interessante ao turista. Além disso, alguns geossítios são altamente vulneráveis e sua divulgação poderia levar à degradação” disse a professora.
Outra frente do projeto é feita em parceria com os parques estaduais do litoral norte. “Muitas das trilhas são feitas com ajuda de monitores ambientais. Eles explicam sobre a fauna e flora e a história da região, mas nunca falavam nada sobre geologia.” comentou. Para suprir essa lacuna, foi foram dados cursos para que eles também incluíssem informações geológicas em seus discursos. Além disso, também foram criados roteiros locais de trilhas contendo somente informações geológicas.
Segundo a professora, a questão da geoconservação no Brasil ainda está muito atrasada em comparação com outros países da Europa, onde existem mapas geológicos muito bem detalhados. Para esse projeto, por exemplo, a professora se deparou com a falta de artigos científicos sobre a região. “Tivemos que fazer um misto de trabalho de pesquisa de dados bibliográficos e trabalho de campo, como o mapeamento, para ver o que era ou não interessante, e portanto os gastos financeiros e de tempo aumentam”. O trabalho de pesquisa que teve inicio em 2010 já está em fase de conclusão e o plano é que posteriormente também seja feito o inventário da baixada santista e do litoral sul do estado “Estamos indo em direção ao sul aos poucos”, completou.