Análise em laboratório indica quantidade viável para extração de metano no estado de São Paulo. Estudo faz parte do chamado “Projeto Metano” (que visa pesquisar depósitos não convencionais de emissão do gás metano no Brasil) e é desenvolvido por alunos de graduação e pós-graduação e supervisionado pelo professor André Sawakuchi do Instituto de Geociências.
Geralmente associado ao petróleo, o metano é apontado como uma possível solução para substituir o petróleo na matiz energética mundial. “Ele ganhou importância especialmente por causa dos Estados Unidos, que vem investindo cada vez mais em sua pesquisa. Extrair petróleo está ficando mais caro e mais difícil”, explicou o aluno de graduação Marcelo Camargo, que participa do projeto.
O “Projeto Metano” busca fontes de gás não convencionais, como por exemplo, rochas sedimentares finamente laminadas e compactadas como o folhelho da formação Irati em São Paulo. “A formação Irati é composta por folhelhos e por camadas de calcários intercaladas. Os folhelhos tem um teor bom de matéria orgânica e sabe-se que existe gás associado a eles, mas nunca foi feito um estudo em detalhe da quantidade”, disse Marcelo. Além de estudar o possível potencial exploratório dessa formação, a pesquisa também visa descobrir possíveis afloramentos (exposição da rocha) para calcular a emissão de metano da formação Irati para a atmosfera. “Pode acontecer do metano escapar naturalmente do solo para a atmosfera e queremos calcular se isso acontece em uma quantidade significativa e se contribui para o efeito estufa”, pontuou.
Formação Irati, em São Paulo (Foto: www.geologiaunesp.blogspot.com)
Outro ponto abordado pela pesquisa diz respeito à origem do metano da formação Irati. O metano pode ter duas origens, a primeira chamada de termogênica, acontece quando ele provém do soterramento de matéria orgânica em alta temperatura. A segunda e menos comum ocorre quando o metano deriva da ação de microorganismos como bactérias que se alimentam dessa matéria orgânica, e é chamada de biogênica. Ao que tudo indica esse último caso seria o exemplo de Irati “Não se acredita que em seu contexto geológico a formação Irati tenha atingido temperaturas propicias para geração de gás”, esclareceu Marcelo.
Os resultados obtidos até agora tem sido surpreendentes e mostraram uma quantidade de metano superior à esperada. “Iremos refazer esse primeiro teste. É improvável que a rocha tenha toda essa quantidade de metano. Se de fato tiver seria interessante economicamente porque é uma concentração alta em termos de viabilidade de exploração”, concluiu.