São Paulo (AUN - USP) - Informação é direito ou mercadoria? Essa foi a discussão que permeou o debate de quinta feira, às 14 horas, da Semana de Jornalismo da ECA-USP. A jornalista Paula Puliti, da Agência Estado, reconheceu que a comunicação está inserida em um contexto capitalista, mas salientou que, antes de tudo, a informação é um direito do cidadão.
Paula iniciou sua apresentação explicando a importância do jornalismo em um ambiente democrático: “O jornalismo é um instrumento de fiscalização entre população e governo (...) Seu principal objetivo é contribuir para a construção da cidadania e do desenvolvimento dos direitos civis”. A questão que surge a partir daí, segundo ela, é aliar o papel de direito fundamental que a informação exerce hoje com a crescente mercantilização da comunicação.
Democratização
De acordo com Paula, é inevitável fugir do quadro capitalista no qual a informação adquiriu status de bem de consumo. Portanto, um possível caminho para a informação atingir a todos de maneira mais igualitária é através de um debate de idéias, isto é, “ouvir todos os lados envolvidos”. Paula, entretanto, acredita que tal debate não ocorra atualmente na imprensa brasileira: “O espaço para isso não existe. O jornalismo é voltado para uma única classe social, perdendo-se, assim, todo um mercado em potencial, inclusive no aspecto financeiro”.
Ela acredita que uma ferramenta poderosa para democratizar a comunicação seja o jornalismo on-line. Segunda Paula, a Internet possui recursos, como por exemplo os blogs, que fornecem a possibilidade de expressão irrestrita com relação ao conteúdo e ao espaço físico. Porém, no Brasil, ainda ocorre a exclusão digital que desvaloriza esse potencial.
Paula mostra-se ainda cética e muito crítica com relação ao jornalismo atual. Apesar de apontar algumas soluções para o desenvolvimento da pluralidade e do debate de idéias, ela acusa os meios de comunicação de não cumprirem seu papel primordial, que é de informar a todos com qualidade. “Na mídia, é um jogo de interesses, o tempo inteiro. E sem debate de idéias não há o mínimo de democracia”, conclui Paula.