ISSN 2359-5191

19/05/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 08 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Jornalismo investigativo em foco na Semana do Jornalismo

São Paulo (AUN - USP) - Marcelo Soares, um dos jornalistas diretores da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), promoveu no segundo dia da Semana de Jornalismo da ECA-USP, a oficina Jornalismo investigativo como ferramenta de trabalho, uma conversa sobre como e porque fazer uma reportagem investigativa.

Segundo Soares, "qualquer assunto pode render uma matéria investigativa, depende apenas do enfoque dado e da criatividade do repórter". Para ele, reportagens investigativas não se limitam apenas a denúncias; podem também abranger pesquisas, apurações e análises, por exemplo. No entanto, ele lembrou da importância de se ter apoio institucional, isto é, o espaço dado pelo editor para a matéria ser publicada.

O jornalista trouxe alguns exemplos para ilustrar, na opinião dele, o que é uma boa reportagem investigativa. Ele mostrou uma matéria publicada na Folha de São Paulo a respeito de trabalhadores que eram escravizados por dívidas nas fazendas mais modernas no país, sobretudo em agrobusiness e em pecuária de ponta. Além disso, ele lembrou do caso de preconceito protagonizado pelo jogador de futebol Grafite, quando, na perícia, descobriram que o argentino acusado de racismo não teria tido tempo suficiente de ofender o jogador.

Soares enfatizou o fato de que, para todas as reportagens investigativas, é de extrema importância procurar documentos para provar o que se está afirmando. Ele comentou a relativa facilidade de encontrá-los: "Hoje em dia tudo está potencialmente documentado em algum lugar, e a Internet é uma excelente ferramenta para isso".

O segredo é desenvolver e manter as fontes e também fazer a seu tempo. Soares diz que "não se pode ter um tempo definido para se entregar uma matéria investigativa, apenas quando tudo foi apurado".

Uma dica que o palestrante deu aos estudantes foi a de sempre sair da redação e observar o que está acontecendo em volta. Ele citou o caso Watergate para exemplificar a perspicácia que o repórter deve ter para conseguir buscar a notícia onde aparentemente ela não existia: "O escândalo envolvendo o governo começou com uma simples ida do repórter ao tribunal e a observação dos acusados. Assim, pode-se levantar pautas onde você nunca espera", conclui Soares.

Quando perguntado a respeito do uso de câmera escondida, ele ressalta: "Não se pode cometer um crime para justificar outro".

Para quem acha que terá que esperar trabalhar em um grande órgão para começar a investigar, Soares disse que é possível fazer jornalismo investigativo nos jornais laboratório. Como exemplo, ele citou o cato das moradias irregulares no Crusp, o Conjunto Residencial da USP. Para ele, a matéria tinha tudo para ser investigativa. Por falta de apuração, não conseguiu ser. "Entrevista sem bala no alvo errado", completa.

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