São Paulo (AUN - USP) - A septicemia, doença comumente chamada de infecção generalizada, foi alvo de estudo realizado pelo médico Francisco Soriano e equipe, entre 2003 e 2004. O principal objetivo era entender a relação entre a septicemia e as alterações que ocorrem no coração do doente. Para isso, 31 pacientes da UTI do Hospital Universitário da USP (HU), com quadro grave de septicemia, foram submetidos a diversos exames clínicos.
Não foram analisados pacientes que apresentavam doenças cardíacas prévias, tumores, AIDS e diabetes. Isso porque, conforme explica Soriano, “queríamos perceber a relação da septicemia com as alterações no coração. Nos casos de pessoas que tinham essas doenças, o coração já apresentava modificações, que interfeririam na análise”.
A partir dos exames realizados, a equipe concluiu que a septicemia interfere no funcionamento normal do coração. Foram observadas três alterações fundamentais nos casos de óbito: quantidade elevada de troponina (proteína do coração); trabalho cardíaco reduzido e capacidade de regular freqüência cardíaca alterada. “Esse estudo permitiu diagnosticar o que acontece com o coração. Isso permitirá intervir para melhorar o funcionamento cardíaco. A idéia é que a pesquisa sirva tanto para mostrar que remédios devem ser aplicados nesses casos, como para motivar futuras pesquisas e desenvolvimento de novas drogas”, diz Soriano.
Nos últimos anos, a septicemia se tornou uma das maiores causas de morte em UTI. “Com o avanço da medicina e conseqüente melhora na expectativa de vida da população, houve um grande aumento dos casos de septicemia na UTI. Hoje essa é a segunda causa de internação dos pacientes e é a primeira causa de óbito, responsável por 40-60% das mortes em UTI”, ressalta Soriano.
Essa pesquisa está sendo apresentada em congressos nacionais e internacionais, e gerou três trabalhos, dois já escritos e um em preparação. Um trabalho, focado na análise do coração, questões ultra-estruturais, celulares está sendo submetido à revista Critical Care Medicine; outro, que analisa principalmente a variabilidade da freqüência cardíaca, está sendo submetido à revista Intensive Care Medicine.