Deriva dos continentes é o nome dado à teoria que estuda a forma com que as placas continentais se deslocam pela crosta do planeta. Supõe-se, por exemplo, que há 270 milhões de anos, todos os continentes estavam unidos em um supercontinente chamado de Pangeia, que com o tempo se fragmentou e deu origem aos continentes que conhecemos hoje. “Nós tivemos a Pangeia, tivemos vários supercontinentes anteriores e daqui não sei quanto tempo, vamos chegar a outro supercontinente. A África, por exemplo, já está se juntando com a Europa”, explicou o professor Umberto Giuseppe Cordani, do Instituto de Geociências da USP.
A ideia de aperfeiçoar o mapa tectônico sul americano (cuja última atualização foi feita nos anos 70) tem como objetivo justamente reconstruir a história do nosso continente e melhorar interpretações e conhecimentos acerca dele. “Estamos levantando dados para dizer como é que a América do Sul evoluiu do começo da Terra há 4500 milhões de anos até agora. O mapa tectônico serve para ver como é que ela estava inserida nos supercontinentes no passado, na Pangeia e daí para traz”, disse o professor.
Parte importante dessa pesquisa é a datação geocronológica para correlacionar rochas que possuem a mesma idade em continentes diversos, “Sabemos que as rochas da parte norte do Brasil, entre Belém e São Luiz, têm uma idade de dois mil milhões de anos e essa idade é a mesma que ocorre na África Ocidental, em lugares como Gana e Libéria”, completou. Outro campo científico importante é o paleomagnetismo, o método que melhor se aplica para calcular as distâncias entre os continentes num passado remoto. “Sabendo que na Terra existe um único polo magnético e que todas as rochas que se formam estão sujeitos a esse magnetismo, assim é possível verificar a posição relativa dos continentes de acordo com a polaridade magnética de suas rochas”, explicou. Esse método ajuda na criação de modelos globais de como estavam posicionados os supercontinentes há milhões de anos atrás.
A pesquisa chegou a resultados interessantes, que indicam, por exemplo, que a Amazônia e o cráton do São Francisco (que abrange Minas Gerais e a Bahia), estavam separados há 600 milhões de anos. Entre eles, havia uma placa oceânica que desapareceu, voltando para o interior da Terra. “Na tectônica de placas existem elementos que comprovam que a maioria das unidades tectônicas antigas são as que sobraram da colisão de continentes, enquanto a maioria dos oceanos antigos desapareceu da superfície do planeta”, concluiu.