A Escola de Arte Dramática (EAD) da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP) apresenta Ensaio Sob(re) Angústia. A peça estará em cartaz do dia 5 a 20 de julho (de quinta-feira a sábado às 19h e de domingo às 18h) no Teatro Laboratório da ECA. A lotação é de 50 lugares, a entrada é franca e a bilheteria abre uma hora antes do espetáculo. A recomendação é para maiores de 14 anos.
A peça foi criada a partir do livro Angústia, do escritor alagoano Graciliano Ramos. Os 20 atores, membros da turma 64 da EAD, fizeram uma releitura da obra em dinâmica colaborativa, um processo que prioriza a ação de todos os envolvidos. O resultado é um espetáculo em que os pensamentos de todos são levados em conta, ao mesmo tempo em que cada membro preserva suas funções: o diretor continua a dirigir, os atores a atuar etc.
Lucienne Guedes Fahrer é a responsável pela direção e acompanhou o grupo nos cinco meses de preparo para a apresentação. "Primeiro, buscamos no estudo da obra a compreensão do mundo proposta pelo autor e aquilo que nos chamava mais atenção. Depois, levamos à cena essas reflexões", explica a dramaturga e atriz. "Nesse processo, uma questão muito importante surgiu: o limite entre ator e personagem, entre ficção e realidade. Acabamos incorporando essa discussão à nossa 'leitura'. Enfim, a peça não é uma simples adaptação do livro, mas aquilo que resultou entre a obra e os artistas."
Angústia conta a história de Luís da Silva nas palavras secas e duras características do escritor alagoano. O personagem é oprimido e angustiado (daí o título) pela pobreza e pelo fracasso. Lucienne escolheu a obra pela possibilidade dos atores agirem de forma mais completa e intensa, principalmente quando aliado a esse processo de dinâmicas criativas coletivas. Com a aceitação dos estudantes, a trupe começou seu caminho de estudo, de pesquisa, de encontro e, por que não, de angústia.
"Encontrei um grupo de 20 atores muito estimulados, inteligentes e interessados. Agora, às vésperas da estreia, tenho consciência de que o caminho traçado é coerente com tudo o que fizemos, e que mantivemos a colaboração até o fim", Lucienne pondera. "Poderíamos ir mais longe; sempre se pode ir mais longe. Mas o que temos é cheio de vitalidade do processo, para encontrar seu público, objetivo maior. Acredito ter sido um momento de aprendizado muito forte, tanto para eles como para mim."