Rochas com grande quantidade de minerais escuros (como níquel, cromo, platina, cobre, ouro e outros), as rochas máficas e ultramáficas possuem ampla importância acadêmica e econômica. “Seu estudo possibilita saber qual a composição química e mineralógica do manto terrestre. É possível ter um conhecimento melhor da estrutura do planeta. Além disso, como elas estão associadas a minerais importantes, são regiões economicamente relevantes” explicou o professor Vicente Antonio Vitorio Girardi, do Instituto de Geociências.
A Terra é constituída por camadas, sendo que a camada mais fina é a crosta, que tem espessura média de 30 km. Depois existe o manto e por último o núcleo. As rochas máficas e ultramáficas provêm do interior do manto terrestre e sua introdução na crosta permite entender a evolução do planeta. Cerca de 130, 135 milhões de anos atrás houve a separação do continente da América do Sul e da África. Nessa época, formou-se o oceano Atlântico, e veio desse manto uma quantidade enorme de material máfico que se derramou em cima da América e da África, dando origem aos basaltos. “Esse é um exemplo, de como a extrusão de rochas máficas influenciou na evolução dos continentes”, comentou o professor.
Outro exemplo são os diques máficos, que têm a capacidade de indicar o início do fraturamento de um continente. Fala-se, por exemplo, que existiu um supercontinente chamado Gondwana, e que quando ele se fraturou, os diques máficos se introduziram na crosta, “O estudo de sua idade também auxilia muito na história da evolução dos supercontinentes, entender como e quando eles se fraturaram”, disse.
Um exemplo da importância econômica dos complexos máficos é a região de Niquelândia em Goiás. Maior fonte produtora de níquel do Brasil, ela está sendo fortemente estudada nos últimos anos. Em um artigo publicado recentemente na revista cientifica Lithos, foi feita uma comparação da evolução do maciço de Niquelândia com um maciço nos Alpes italianos, pois existem muitas semelhanças quanto à maneira pelas quais ambas se formaram. Chegou-se a conclusão, por exemplo, que Niquelânida tem idade de 790 milhões de anos e também concluiu-se que o maciço não se formou de uma só vez. O que ocorreu é que o material se fundiu no manto e introduziu-se na crosta, formando as chamadas câmeras magmáticas, que com o tempo cresceu devido a influxos contínuos desse material. “O maciço foi crescendo pouco a pouco, porque de tempos em tempos ocorreram novos influxos até que ele atingiu cerca de 400 km de comprimento. Essa evolução é toda documentada através das rochas”, explicou.