ISSN 2359-5191

08/08/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 44 - Educação - Faculdade de Educação
Pesquisa revela problemas no ensino de línguas
foto: Portal da Língua Inglesa

Análise das práticas de ensino de duas professoras de inglês da rede pública investigou o porquê do censo comum de que não se aprende língua estrangeira na escola. A dissertação de mestrado Nas tramas das culturas de ensinar e aprender língua estrangeira: um estudo das práticas de duas professoras de inglês de um contexto bastante específico, da pesquisadora Josi Zerbinati, defendida na Faculdade de Educação da USP (FE/USP), buscava entender também de que maneira as crenças dessas professoras se aplicavam na sala de aula, e quais eram as consequências disso.

Segundo Josi, a língua estrangeira é um importante veículo de comunicação e sua aprendizagem prepara os cidadãos para a atuação no mundo contemporâneo, dessa forma, a rede pública oferece o ensino de língua estrangeira a partir do Ensino Fundamental II. No entando, pesquisas apontam que o aprendizado dessas disciplinas no ensino público é insatisfatório e, por isso, há o deslocamento para escolas de idiomas.

Considerando que a vida na sala de aula sofre influências tanto de professores quanto de alunos, a pesquisadora se perguntou o que acontece lá e fora dela que não permite que os alunos tenham uma aprendizagem satisfatória? Através da observação de algumas aulas das professoras consideradas e entrevistas com alunos, pais e as próprias docentes, ela pôde detectar alguns fatores que influenciam a dinâmica da sala de aula e o ensino e aprendizado de língua estrangeira, destacando as crenças dos docentes.

Foi observado que as duas docentes analisadas acreditam que a maioria de seus alunos não é capaz de executar grande parte das tarefas sem orientação, bem como na passividade do aluno no processo de aprendizagem, o que influencia na forma como elas conduzem a aula, fazendo traduções frequentes e interagindo pouco em inglês com os alunos, por exemplo.

Além disso, uma das professoras é movida pela crença de que os alunos não colaboram e não querem aprender - o que, segundo Josi, é alimentado por um prévio julgamento social - e a outra acredita fortemente na ineficiência do ensino público e na falta de políticas de incentivo por parte do governo.

Adicionados aos fatores citados pelas professoras, Josi detecta outros problemas, como a quantidade de alunos na sala de aula, que determina certas escolhas de atividades, a realidade dos discentes (alunos que moram longe tendem a ter mais dificuldades, por exemplo) e a formação deficiente de professores.

A má formação dos docentes corrobora a crença de que não é possível aprender na escola pública, o que leva a práticas repetitivas que desmotivam os alunos, que, por sua vez, desmotivam os professores, formando um ciclo vicioso.

Josi conclui então que sua análise permitiu escancarar problemas, como o fato de que  muitas teorias de ensino não chegam a prática, mas completa “é importante que todos os sujeitos implicados no processo de ensinar reconheçam que estão propensos a falhas, ainda que exerçam sua função da melhor forma possível”.

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