Reduzir os riscos dos orçamentos de obras de edifícios residenciais serem superestimados e pouco competitivos ou subestimados e não alcançarem os resultados esperados. Este foi o principal objetivo do trabalho de mestrado profissional em habitação de Renata Lucia Ribeiro, “Metodologia para avaliação de orçamentos-tipo de edifícios residenciais”, desenvolvido no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
O método partiu da percepção de Renata de que seria possível identificar falhas em um orçamento-tipo (modelo padronizado utilizado por uma empresa para um tipo de construção) com rapidez e grande chance de precisão a partir do cruzamento de dados dos índices de participação monetária das unidades de medidas dentro de um grupo do orçamento.
A pesquisadora explica que a prática comum de mercado para fazer essa avaliação consiste em identificar os grupos de orçamentos com desvios anormais para determinado tipo e padrão de obra. “Após a comprovação da existência desses desvios, partia então, para uma trabalhosa fase de conferência da planilha”, detalha.
“Em certo momento, percebi que alguns grupos continham insumos ‘chaves’ presentes em mais outros dois ou três grupos e passei a relacioná-los. O resultado desta inter-relação diminuiu significativamente o tempo despendido com a conferência do orçamento”, acrescenta.
O resultado foi o desenvolvimento da metodologia, que associa as unidades de medidas dos insumos que compõem cada grupo a índices percentuais e cria uma régua de tolerância de desvios máximos a serem admitidos. Além de sua experiência profissional, Renata consultou bibliografias da área da construção, contabilidade, administração de pessoal, finanças e direito.
Confiabilidade
O desafio específico dos orçamentos-tipo é a rotina de detalhamento minucioso e a alimentação do modelo com de dados obtidos das experiências práticas e das informações da empresa relacionadas ao orçamento. “A maior dificuldade está na confiabilidade da coleta e inserção destes dados e lições aprendidas nos moldes e composições destes orçamentos, permitindo que a empresa se planeje para a produção em escala”, analisa a pesquisadora.
A metodologia desenvolvida no IPT contribui para mitigar essas falhas. Ela possibilita tanto o uso específico para um orçamento, corrigindo falhas pontuais, quanto o uso geral para corrigir falhas sistêmicas que possam se repetir em uma planilha padrão de uma empresa. “Se empregado corretamente e considerando todas as suas limitações, o método impacta na redução do descrédito existente em relação ao orçamento”, aponta Renata.
Falhas comuns em orçamentos de engenharia civil são relacionadas às informações sobre o projeto, à omissão de serviços e à composição de custos no levantamento quantitativo de materiais. Há, ainda, problemas em aplicação de conceitos administrativos e erros de digitação de valores.
Impacto
Ao verem excluídas as falhas potenciais de seus orçamentos, os gestores envolvidos na construção de edifícios passam a trabalhar com especificações e números mais precisos, evitando retrabalhos e negociações desvantajosas. “Porém, é importante salientar que o custo final de uma obra não será afetado apenas pela adoção de um sistema de avaliação de orçamentos bem desenvolvido com objetivos claros, indicadores precisos e metas atingíveis”, avisa a pesquisadora.
Para que isso seja possível, Renata aponta que o comprometimento da empresa com o que foi orçado e a gestão baseada no programa do orçamento são decisivos nos resultados.